SANTA SÉ PEDE UMA ESTRATÉGIA HUMANITÁRIA MAIS EFICAZ PARA AJUDAR OS MAIS NECESSITADOS
Genebra, 23 jul (RV) - O observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas,
Dom Silvano M. Tomasi, fez um pronunciamento, no dia 20, na sede do Conselho Econômico
e Social da ONU, em Genebra, sobre a ajuda aos mais necessitados.
Em seu discurso,
Dom Tomasi recordou as inúmeras vítimas civis dos desastres naturais e dos desastres
provocados pelo homem. E citou alguns dados sobre as pessoas que vivem em campos improvisados׃
mesmo que 2008 tenha registrado uma diminuição do número dos refugiados, mais de 10
milhões de homens, mulheres e crianças ainda vivem em campos para refugiados e 26
milhões continuam internamente deslocados por causa de conflitos passados e recentes,
por falta de segurança e de perseguição.
"Mesmo distante dos refletores da
mídia, essas situações insustentáveis dão livre acesso a uma incomensurável dor física,
mental, emotiva e espiritual, e levam à laceração do tecido social e à destruição
das famílias e das comunidades, comprometendo a reconciliação e ameaçando a vida de
milhares de civis inocentes" – constatou Dom Tomasi. Ele afirmou que esses números
demonstram a exigência de uma resposta globalizada eficaz e coerente, guiada por diretrizes
políticas, como a solidariedade e a promoção da dignidade de todos.
A responsabilidade
principal de proteger a vida de civis cabe, sobretudo, às autoridades nacionais e
às partes envolvidas em conflitos armados. Todavia, a Santa Sé considera que a comunidade
internacional tem um papel fundamental e indispensável ao assistir as vítimas, tendo
como protagonista as Nações Unidas, com a função de coordenar a assistência para uma
ação humanitária mais eficaz.
A delegação da Santa Sé mencionou ainda os novos
e velhos desafios que minaram a capacidade de assistir milhões de vítimas. Como, por
exemplo, a crise alimentar, que levou a uma diminuição da distribuição de alimentos
nas áreas atingidas pela penúria, e a crise econômica global, que corre o risco de
reduzir os financiamentos.
Entretanto, a Santa Sá constata "com prazer" que
muitos Estados continuam a assumir com generosidade a responsabilidade de fornecer
assistência, advertindo que a falta de solidariedade leva somente a uma instabilidade
social e política, que minará a sociedade e a sua capacidade de reunir-se e resolver
a crise econômica.
Por fim, Dom Tomasi denunciou, em especial, as violências
sexuais cometidas contra mulheres e jovens dentro e ao redor dos campos de refugiados,
que violam todo princípio do direito internacional e que levam à devastação emotiva
e física. Ele recordou que os campos e os centros de detenção devem ser soluções temporárias
e locais em que a dignidade das pessoas deve permanecer uma prioridade. E garantiu
o empenho da Santa Sé em fazer frente às necessidades de todas as pessoas atingidas
pelas crises humanitárias e causadas pelo homem, independentemente da etnia e do credo
religioso. (BF)