IGREJA EM UGANDA AJUDA POPULAÇÃO DESLOCADA PELO CONFLITO
Campala, 23 jul (RV) - "A situação no norte de Uganda está voltando à normalidade,
mas é preciso vigiar a fim de evitar novas violências": foi o que disse o reitor do
Seminário Maior de Alokolum, na Arquidiocese de Gulu, Pe. Cosmas Aluel, num encontro
com a fundação Ajuda à Igreja que Sofre, referindo-se aos conflitos existentes nessa
região do país.
Segundo ele, os deslocados que vivem perto do Seminário estão
voltando às suas casas − cerca de 80% deles já regressaram a seus povoados − não obstante
ainda não tenha sido assinado o acordo de paz entre o Governo de Uganda e a guerrilha
do Exército de Resistência do Senhor (ERS). "A guerra civil iniciada em 1988 está
terminada" − afirmou o sacerdote.
Por vários anos, os habitantes de Gulu fugiram
dos ataques dos guerrilheiros contra os povoados isolados. O sacerdote ressaltou que
até o ano passado não era possível viajar com segurança. "Hoje, isso já é possível.
A paz finalmente chegou" – disse ele.
Os seminaristas que viveram e trabalharam
junto com os deslocados durante a guerra civil, continuarão ajudando a população.
Os futuros sacerdotes estão acompanhando o retorno dos deslocados a seus povoados
de origem, ajudando-os a construir uma nova vida. Alguns seminaristas ensinam nas
escolas onde muitos alunos, que cresceram nos campos de deslocados, não conheceram
outra vida.
O sacerdote definiu como "decisão profética" o fato de não ter
transferido Seminário de Alokolum, pois se isso houvesse acontecido, teria dado a
impressão de que Igreja abandonara a população nos momentos mais difíceis. Foi "um
sinal importante para o futuro, que mostrou que a Igreja está do lado das pessoas,
tanto na alegria quanto no sofrimento" − frisou Pe. Aluel.
"Muitas pessoas
ficaram traumatizadas ao ver certas violências como o estupro de suas mães, irmãs
e esposas, o sequestro de crianças, e o assassinato de seus familiares. Para ajudá-las,
alguns agentes pastorais estão recebendo uma formação especial na arquidiocese" −
disse ainda o sacerdote.
Os seminaristas também não ficaram imunes à guerra:
muitos nasceram nos campos de deslocados e alguns foram sequestrados pelos guerrilheiros.
Apesar dos numerosos problemas, as vocações sacerdotais estão aumentando. No próximo
ano o Seminário Maior de Alokolum hospedará 206 candidatos ao sacerdócio. "Muitos
jovens que desejam seguir a vida sacerdotal − concluiu o sacerdote − escolhem conscientemente
a Arquidiocese de Gulu, marcada pela guerra civil." (MJ)