Manila, 21 jul (RV) - Docentes e religiosos filipinos comentam a última publicação
do Papa Bento XVI. No principal país católico da Ásia, os conteúdos da Encíclica “Caritas
in veritate” são apresentados como uma guia essencial nas complexas dinâmicas do desenvolvimento
econômico.
“O desenvolvimento é uma condição essencial para a paz mas o que
necessitamos hoje é da partilha dos bens e da solidariedade entre as pessoas”. Com
essas palavras Padre Bernardo O. Diaz, docente de religião na Adamson University de
Manila, comenta para a agência AsiaNews os conteúdos da nova encíclica do Santo Padre.
Em um país em via de desenvolvimento como as Filipinas, um errado crescimento econômico,
é muitas vezes causa de pobreza, criminalidade, corrupção, conflitos. Padre Diaz afirma
que neste contexto a encíclica torna-se um “instrumento fundamental para entender
o real significado do desenvolvimento humano”.
No seu documento Bento XVI diz
que o desenvolvimento “para ser ser autenticamente humano”, deve “dar espaço ao princípio
de gratuidade” e “buscar atingir o bem comum”. A esse propósito Padre Diaz apresenta
como exemplo concreto a fundação Bukas Palad (Mãos abertas), ligada ao movimento dos
Focolares. Essa obra, através do slogan “Livremente recebemos, livremente damos”,
fornece ajuda concreta aos pobres nas áreas mais degradadas do país. Inspirando-se
na “Economia de Comunhão”, teoria do movimento Focolar nascida nos anos 60, a Bukas
Palad procura construir uma alternativa à utilização sem moderação da ideologia capitalista.
A
esse propósito, o professor de Sociologia na Universidade de Manila, Jhonatan P. Reginales,
afirma que “por causa de uma excessiva ênfase do papel do mercado e de seus instrumentos
como a competição e contratos esquemáticos, a vida fica privada de valores como o
dom e a ajuda recíproca”. Por isso os conteúdos da encíclica “dão à população esperança
e uma linha a seguir em termos de problemáticas sociais e desenvolvimento”.
Já
Antonio L. Maisong, professor de Doutrina Social da Igreja na Universidade S. Tomás
d’Aquino de Manila, se detém, ao invés, sobre a utilidade da encíclica para o Estado
filipino. De fato, “uma utilização apropriada da encíclica levaria a uma reavaliação
do papel do Estado e a uma sua participação ativa nos problemas da sociedade”. Ele
acrescenta que um país onde o índice de pobreza supera 15%, a atenção aos pobres proclamada
pelo Pontífice é fundamental. O professor Maisong conclui dizendo que “as autoridades
devem considerar os pobres um recurso e não um peso”. (SP)