Contracção do espaço de acção humanitária» no Mundo, denunciada pelo Alto-comissário
da ONU para os Refugiados
(21/7/2009) O Alto-comissário da ONU para os Refugiados (ACNUR), António Guterres,
lamentou esta segunda-feira a «trágica contracção do espaço de acção humanitária»
no Mundo, num momento em que as crises humanitárias se multiplicam e agravam. O
ACNUR, liderado pelo antigo primeiro-ministro português António Guterres, e uma organização
israelo-palestiniana foram, esta segunda-feira, distinguidos com o Prémio Internacional
Calouste Gulbenkian, no valor de 100 mil euros.
Falando na cerimónia de
entrega de prémios, que decorreu na sede da Fundação, em Lisboa, António Guterres
destacou o «enorme valor simbólico» do galardão, que também é «um grande estímulo»
num «momento difícil».
«É reconfortante receber este prémio num momento em
que assistimos à trágica contracção do espaço de acção humanitária a nível mundial,
e, por outro lado, à multiplicação e ao agravamento das crises humanitárias no Paquistão,
Afeganistão, Sudão e Somália», afirmou.
Segundo António Guterres, a diminuição
do espaço da acção humanitária deve-se, em primeiro lugar, ao «aumento da insegurança
com que os trabalhadores humanitários operam».
Infelizmente, «cada vez mais
trabalhadores humanitários deixam de ser protegidos em zonas de conflito e passam
a ser escolhidos como alvos», criticou, dando como exemplo a morte, na semana passada,
de um colaborador do ACNUR num campo de refugiados no Paquistão.
Por outro
lado, o alto-comissário explicou que a acção humanitária também está a ser contraída
pelo «abuso de poder de Governos, reconfortados com o reforço que a soberania dos
Estados tem encontrado nas relações internacionais nos últimos tempos».