TRIBUNAL INTERNACIONAL CONDENA SÉRVIOS QUE QUEIMARAM MUÇULMANOS VIVOS
Haia, 20 jul (RV) - O Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia
(TPII) condenou nesta segunda-feira, o ex-paramilitar sérvio-bósnio Milan Lukic à
prisão perpétua, e seu primo, Sredoje Lukic, a 30 anos de reclusão, por terem queimado
vivos ao menos 119 muçulmanos, no leste da Bósnia, durante a guerra de 1992 a 1995.
Eles foram condenados por crimes de guerra e lesa-humanidade.
Segundo
a Promotoria, Milan era o líder dos chamados "Águias Brancas", um grupo de paramilitares
locais, da cidade de Visegrad, que agia em conjunto com a polícia local e unidades
militares.
Os juízes consideraram os crimes de Milan de "extraordinária brutalidade"
e concluíram que as acusações apresentadas foram "provadas sem sombras de dúvida".
Ambos os sérvio-bósnios foram condenados por terem participado pessoalmente
do assassinato de pelo menos 119 bósnios em dois incidentes distintos, em junho de
1992.
O juiz Patrick Robinson afirmou que as mortes "exemplificam os piores
atos contra a humanidade que uma pessoa pode infligir a outras". O magistrado acrescentou
que Milan Lukic foi o líder em ambos os incidentes, ajudando a levar as vítimas para
dentro das casas, incendiando-as e atirando naqueles que tentavam fugir das chamas.
Testemunhas "relembraram vividamente os terríveis gritos das pessoas nas casas"
− disse Robinson.
Ao ouvir a sentença, Milan fez um sinal negativo com a cabeça.
Sredoje Lukic se inclinou para trás na cadeira, com o rosto pálido.
Robinson,
um veterano juiz do TPII que, nos últimos 15 anos, tem trabalhando apenas em julgamentos
sobre crimes de guerra perpetrados nos Bálcãs, se mostrou impressionado pelas atrocidades
cometidas em Visegrad.
"As ações de Milan Lukic e Sredoje Lukic são um insensível
e feroz desprezo pela vida humana" – disse o juiz.
Milan foi preso em agosto
de 2005 na Argentina e enviado para julgamento em Haia. Seu primo se entregou às autoridades
e foi transferido para a cidade holandesa algumas semanas depois. (AF)