Roma, 20 jul (RV) - “Unidade, recursos naturais e reconciliação”: são essas
para o arcebispo latino de Bagdá, Dom Jean Sleiman, as três prioridades para que o
Iraque saia da crise interna na qual se encontra. A afirmação foi feita nos dias passados
em Roma durante uma coletiva de imprensa na sede da Caritas Italiana. “A unidade do
Iraque – disse o arcebispo de origem libanesa – é uma questão muito difícil que não
se limita somente à autonomia do Curdistão. O mesmo pedido, de fato, foi feito também
pelo sul do país, não esquecendo o projeto do Planalto de Nínive que veria nesta área
de terra um enclave cristão protegido. Um projeto já rejeitado pelos bispos iraquianos
mas que infelizmente continua a ser discutido. Seria, de fato, somente uma falsa autonomia”.
Para
os bispos todas essas coisas mostram “a dificuldade em criar uma unidade na diferença
entre sunitas, xiitas, curdos e outros. O Iraque não é o único país onde existe essa
heterogeneidade. Os Estados Unidos são um exemplo disso e por isso deveriam ser os
primeiros a ajudar o Iraque. O meu temor - disse o arcebispo - é que se no Iraque
forem criadas três áreas autônomas, a guerra civil poderia ser uma realidade”.
Outra
questão apresentada por Dom Sleiman é sobre a posse e a exploração dos recursos naturais
iraquianos. “De quem é o petróleo?”, pergunta-se o arcebispo; “De toda a nação ou
dos xiitas, dos sunitas ou dos curdos? Não se consegue promulgar uma lei sobre o petróleo
porque existe também tensão entre o governo central e o governo regional curdo que
tinha começado a fazer acordos com empresas petrolíferas estrangeiras. Uma situação
estagnada também favorecida por uma certa ambigüidade da Constituição. E de quem é
a água, talvez dos sunitas porque os cursos d’água passam através de suas cidades?.
“Os recursos naturais – é a resposta de Dom Sleiman – pertencem a todo o país”.
Terceira
urgência iraquiana é a reconciliação interna: “Deixar sozinhos os iraquianos, deste
ponto de vista poderia causar problemas” explica o arcebispo, referindo-se à retirada
dos Estados Unidos das grandes cidades. Todavia, conclui, “a retirada norte-americana
não é uma verdadeira retirada, mas uma transferência de forças. Os Estados Unidos
faziam também o trabalho de polícia e não creio que essa seja uma tarefa para as forças
de combate como os marines. Não creio que essa transferência das tropas possa mudar
muito a situação ainda que do ponto de vista simbólico e político seja muito importante
para o Governo”, afirmou. (SP)