Cidade do México, 20 jul (RV) - Três bispos e vários sacerdotes do estado mexicano
de Michoacán estão ameaçados de morte pelo narcotráfico. A revelação foi feita ontem
por fontes eclesiásticas desta região do México, onde na última semana aumentou a
violência entre os cartéis que controlam o narcotráfico.
O clero local condena
abertamente a atividade ilícita do tráfico, e alguns párocos promovem programas preventivos
e denunciam grupos que vendem drogas. “Os traficantes se sentiram atingidos e tentam
intimidá-los” – explica o porta-voz da Arquidiocese de México, Padre Hugo Valdemar.
“Até o momento, párocos e bispos recusam a proteção oferecida pelo Estado, mas se
as ameaças continuarem, se verão obrigados a aceitá-la” – acrescenta.
Michoacán,
sede do cartel ‘La Familia’, tem vivido em clima de faroeste, em meio a conflitos
e detenções de traficantes. Um dos incidentes mais graves ocorreu sábado, dia 11,
quando foram encontrados os cadáveres de 12 agentes da Polícia Federal, massacrados
em represália pela detenção de um chefe do cartel.
Depois disso, a região
ganhou o reforço de 5 mil policiais federais e militares. O governo colocou à disposição
três helicópteros e dez veículos táticos blindados para ajudar nas operações no território.
O clero local já sofreu ameaças no passado, especialmente depois que o arcebispo
de Durango, Dom Héctor González Martínez, revelou, em uma missa, o suposto domicílio
do narcotraficante mais procurado do país, Joaquín ‘El Chapo’ Guzmán, líder do cartel
de Sinaloa.
Em relação à oferta de diálogo com o governo, proposto semana passada
por um dos líderes da ‘La Familia’, Padre Valdemar é taxativo: “O Estado não pode
negociar com delinqüentes; deve aplicar a lei. Se quiserem dialogar, devem parar com
a violência. Não se pode conversar com quem já começa desafiando o Estado”. (CM)