DIREITOS HUMANOS DEIXAM BRASIL EM DIFICULDADES NA ONU
Brasília, 13 jul (RV) - A política externa brasileira sobre direitos humanos
causa polêmica, e vítimas alegam que a estratégia pouco ajuda na defesa de suas causas.
Enquanto democracias ocidentais criticam o país, governos africanos e outros emergentes
comemoram a aproximação do Brasil a suas posturas, e a estratégia de evitar confrontos
nos plenários da ONU.
O objetivo declarado pelo Brasil é o de promover o diálogo
no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Para o Governo, essa postura é
o que garante o real progresso dos direitos humanos. O Itamaraty justifica que não
adota uma linha automática nas votações de casos de violações na ONU, mas avalia caso
por caso.
O que vem surpreendendo, porém, têm sido as decisões do Itamaraty,
nos últimos meses, de poupar críticas à Coreia do Norte e sair em defesa de Sri Lanka.
Essa política já vinha ganhando corpo nos últimos anos, com a decisão de evitar ingerências
na situação interna de outros países, e dar espaço para que as regiões solucionem
seus problemas. O Brasil também se absteve em debates sobre Darfur, Irã e República
Democrática do Congo, nos diversos órgãos da ONU.
Um levantamento feito pela
entidade "Conectas" que mostra o padrão de votos do Brasil desde 2001, na ONU, mostra
que o mandato do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu mudanças na posição
do Brasil, no que concerne aos direitos humanos. Em junho passado, em Genebra, Suíça,
Lula confirmou a vertente da política externa de promover o diálogo e evitar confrontos.
"O
Brasil, no Conselho de Direitos Humanos, prega o engajamento construtivo e o diálogo.
Dar lições ou condenar não contribui para melhorar a situação das vítimas de violações
de direitos humanos" − disse a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani
Azevedo. "O que interessa é o diálogo e quando o diálogo se dá no seio do Conselho
de Direitos Humanos, já é uma forma construtiva de criticar e de apontar a necessidade
de mudanças" − acrescentou a diplomata brasileira.
No entanto, diplomatas de
países ocidentais, parte da cúpula da ONU e vítimas de abusos de direitos humanos
criticam o Brasil. Para eles, foi uma "surpresa" a decisão de poupar críticas à Coreia
do Norte, quando todos os demais países do Mercosul votaram por uma condenação da
situação no país asiático. A abstenção brasileira ocorreu a poucos meses da tentativa
do país, de abrir uma embaixada na Coreia do Norte. (AF)