Paz, desenvolvimento e defesa da vida no centro do primeiro encontro entre Bento XVI
e o Presidente dos EUA Barack Obama
(10/7/2009) Bento XVI recebeu pela primeira vez no Vaticano o presidente dos Estados
Unidos da América, Barack Obama, que concluiu nesta Sexta-feira a sua participação
na Cimeira do G8, na Itália. "É uma grande honra para mim, muito obrigado", disse
o presidente norte-americano, ao apertar a mão ao Papa, antes de revelar que a cimeira
do Grupo dos 8 tinha sido muito "produtiva". "Deve estar muito cansado, depois
destes encontros", retorquiu Bento XVI. O encontro entre ambos, na biblioteca privada do
Papa, durou 40 minutos. Como era esperado, foram discutidas as "perspectivas de paz"
para o Médio Oriente, onde há "convergência" de posições, e outras situações regionais. No
centro do encontro, segundo o Vaticano, estiveram os temas da "política internacional",
à luz dos resultados da cimeira do G8. Os países do G8 e os outros países convidados
para a Cimeira de L'Aquila comprometeram-se esta Sexta-feira a mobilizar 15 mil milhões
de dólares em três anos para garantir a segurança alimentar no mundo, segundo uma
declaração comum. Os dirigentes do Grupo dos Oito não conseguiram convencer os homólogos
das economias emergentes a assumir metas concretas para a redução das emissões poluentes.
Por outro lado, o G8 e os países africanos assinaram uma declaração sobre o acesso
à água e à higiene pública. Diálogo intercultural e inter-religioso, a crise económico-financeira
a nível global, a segurança alimentar, a ajuda ao desenvolvimento - em especial à
África e América Latina - e o problema do narcotráfico foram alguns dos assuntos discutidos
pelo Papa e o presidente dos EUA. Obama conversou primeiro com o Secretário de
Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, e com o Arcebispo Dominique Mamberti,
secretário do Vaticano para as relações com os Estados, durante cerca de um quarto
de hora. Juntamente com o presidente norte-americano estiveram no Vaticano 11 pessoas
da sua delegação - incluindo a primeira-dama, Michelle, e as duas filhas do casal,
Malia e Sasha - embora faltasse o novo embaixador dos EUA junto da Santa Sé, Miguel
H. Diaz, católico de origem cubana, cuja nomeação não foi ainda confirmada pelo Congresso. Segundo
o comunicado oficial publicado pela sala de imprensa da Santa Sé, em cima da mesa
estiveram "questões do interesse de todos e que constituem o grande desafio para o
futuro de todas as nações e para o verdadeiro progresso dos povos, como a defesa e
a promoção da vida e o direito à objecção de consciência". Estas são matérias em que
tem havido alguma fricção entre os líderes católicos dos EUA e a administração Obama. Outros
temas abordados foram o da imigração, com particular atenção para o "reagrupamento
familiar", e o da importância da "educação para a tolerância em todos os países". O
Papa ofereceu a Obama, entre outros presentes, uma cópia autografada da sua última
encíclica, "Caritas in veritate". O presidente dos EUA presenteou Bento XVI com uma
estola que esteve sobre o corpo de São João Nepomuceno Neumann, que faleceu em Filadélfia
em 1860 e que em 1977 se tornou o primeiro Bispo norte-americano a ser canonizado. "Temos
a expectativa de relações muito fortes", disse à despedida Barack Obama, numa conversa
captada pelas câmaras de televisão, após o encontro privado. Bento XVI respondeu,
assegurando: "Rezo por si".