Presidente da Comissão Episcopal Portuguesa da Pastoral Social define a «Caritas in
Veritate» uma tapeçaria tecida pelos fios da caridade e da verdade
(8/7/2009) Com a publicação da encíclica «Caritas in Veritate», Bento XVI oferece-nos
um "denso tratado sobre o desenvolvimento de cada pessoa e sobre o desenvolvimento
da humanidade na visão cristã" - disse à Agência ECCLESIA D. Carlos Azevedo, bispo
auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social. E acrescenta:
"Sentimo-nos como que diante de uma grande e bela tapeçaria tecida pelos fios da caridade
e da verdade.
Com 79 pontos, a terceira encíclica de Bento XVI aborda "todos
os temas actuais da sociedade em vias de globalização" - realça. Ao longo do texto,
o Papa convida a um "olhar novo que ultrapasse determinações culturais e históricas
em ordem a fazer avançar os processos económicos e sociais para metas plenamente humanas"
- disse o prelado.
A «Caritas in Veritate» - publicada hoje (7 de Julho)
- é uma encíclica de Doutrina Social da Igreja, das "mais densas de todos os textos,
até hoje, publicados". Como reflecte sobre o desenvolvimento integral, "toca vastíssimas
dimensões: reforma agrária, ecologia, sindicatos, sociedade civil, segurança, previdência,
mobilidade laboral, pesquisa científica, dimensões do terrorismo, respeito pela vida"
- sublinhou o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social. E adianta: "uma
interdisciplinaridade própria de quem olha para o desenvolvimento numa amplitude de
perspectivas".
Este documento é "uma «Populorum Progressio» (1967) adaptada
aos tempos actuais" - disse D. Carlos Azevedo. Com a «Caritas in Veritate» "abre-se
uma nova fase na Doutrina Social da Igreja". Com grande riqueza teológica e filosófica,
a terceira encíclica de Bento XVI será "um ponto de partida para a análise do futuro
da humanidade".
Apesar de reconhecer a densidade deste documento pontifício,
o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social destaca uma frase da encíclica:
"a sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos".
A fraternidade - este tema ocupa todo o capítulo terceiro - "só será profunda se
tiver em conta a sua raiz, a dimensão transcendente" - refere.
Os novos
problemas da sociedade contemporânea exigem "um novo olhar, um novo modelo de desenvolvimento
e um novo estilo de vida". E finaliza, tal como Bento XVI refere no número 21 da «Caritas
in Veritate»: "o mundo tem necessidade de uma renovação cultural profunda".