CARDEAL MARTINO: ENCÍCLICA É ENCORAJAMENTO À HUMANIDADE
Cidade do Vaticano, 07 jul (RV) - Depois de muita expectativa, foi apresentada
esta manhã, na Sala de Imprensa da Santa Sé, a terceira encíclica de Bento XVI: Caritas
in Veritate (Caridade na verdade).
A apresentação foi feita pelo presidente
do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz", Cardeal Renato Raffaele Martino, pelo
secretário do mesmo organismo, Dom Giampaolo Crepladi, pelo presidente do Pontifício
Conselho "Cor Unum", Cardeal Paul Josef Cordes, e pelo Prof. Stefano Zamagni, da Universidade
de Bolonha.
Em sua apresentação, o Cardeal Martino destaca os 18 anos que separam
a encíclica de Bento XVI da última encíclica social da Igreja, publicada por João
Paulo II, em 2001: a Centesimus annus.
Quase duas décadas se passaram
– observou o cardeal − mas nem por isso a Igreja deixou de se dedicar a temáticas
sociais. Mas por que uma nova encíclica? A Doutrina Social da Igreja – explicou −
tem uma dimensão permanente, e outra que muda com os tempos. Esta é o encontro do
Evangelho com os problemas sempre novos que a humanidade deve enfrentar. A Igreja
não tem soluções técnicas para propor, mas tem o dever de iluminar a história humana
com a luz da verdade e o calor do amor de Jesus Cristo.
A seguir, o Cardeal
Martino citou as principais mudanças que se verificaram nos últimos vinte anos: a
passagem das ideologias políticas à ideologia da técnica, a acentuação dos fenômenos
da globalização, o regresso das religiões ao cenário público mundial e a situação
de atraso de alguns países, que está mudando notavelmente os equilíbrios geopolíticos
mundiais.
Essas quatro grandes novidades − afirmou o purpurado − seriam suficientes
para motivar a redação de uma nova encíclica social. Todavia, na origem da Caritas
in Veritate há outro motivo: ela foi idealizada pelo Santo Padre para comemorar
os 40 anos da Populorum Progressio, de Paulo VI. Portanto, Bento XVI faz uma
releitura dessa encíclica, com a contribuição de novos elementos. De fato, o tema
da Caritas in Veritate não é o "desenvolvimento dos povos", mas "o desenvolvimento
humano integral". "Pode-se dizer que a perspectiva da Populorum Progressio
é ampliada, em continuidade com suas profundas dinâmicas."
No âmbito desse
humanismo integral, a Caritas in Veritate fala também, da atual crise econômica
e financeira, mas o cardeal esclareceu que esse não é seu tema central. A questão
foi encarada, não no sentido técnico, mas avaliando-a à luz dos princípios de reflexão
e dos critérios de juízo da Doutrina Social da Igreja, e dentro de uma visão mais
geral da economia, de suas finalidades e da responsabilidade de seus protagonistas.
Da encíclica emerge um encorajamento à humanidade, para que possa encontrar
os recursos de verdade e de vontade para superar as dificuldades. Não um encorajamento
sentimental, mas fundamentado, consciente e realista. (BF)