PACOTE DE SEGURANÇA: A PERPLEXIDADE DA IGREJA ITALIANA
Roma, 06 jul (RV) - “A questão da imigração não fica resolvida com a aprovação
das normas sobre a segurança, e o governo não pode se iludir em legislar como quiser;
deve demonstrar a honestidade e mudar”. É um trecho do editorial do jornal Avvenire,
da Conferência Episcopal Italiana.
“Agora – prossegue o artigo – se abre um
importante capítulo de verificação sobre a aplicação da lei, no respeito do princípio
segundo o qual, se algumas de suas normativas não funcionarem, se lesarem direitos
fundamentais, devem ser alteradas, e com rapidez”.
“Isto deve ser feito porque
os direitos dos mais frágeis não podem ser sacrificados em nome de interesses ideológicos,
e porque o governo não deve pensar que faz o que quer” – diz o artigo, referindo-se
ao ‘crime de clandestinidade’, uma ‘verdadeira ferida no tecido civil’.
“Há
ainda outro capítulo a ser aberto: a integração, porque pensar em resolver tudo com
a lógica da ‘securitate’ significa provocar novas tensões e conflitos”.
Muitos
setores na Igreja italiana lamentam, nestes dias, a aprovação do ‘pacote de segurança’
por parte do parlamento. As novas leis são restritivas e segundo muitos, violam os
direitos humanos fundamentais. Em Florença, um sacerdote estendeu um manto preto sobre
o altar, em protesto contra as normas de imigração previstas no pacote.
“Hoje
– escreve o pároco, Pe. Alessandro Santoro – celebramos o funeral da democracia e
dos princípios constitucionais, com o coração triste e indignado. É um domingo de
luto, e por isso, o manto preto ficará na porta de nossa comunidade. Como cristãos
e fiéis, não podemos e não devemos obedecer a esta lei, ultrajante e horrível, e com
firmeza, gritamos juntos o nosso ‘não’ a esta barbárie anticonstitucional, implorando
ao presidente da República, Giorgio Napolitano, para que não assine a lei.
Continuaremos
a manter abertas nossas portas a todos os ‘pobres cristos’, e pedimos a nosso bispo
– conclui Pe. Santoro – que tome posição sobre esta lei ofensiva e se faça porta-voz
da indignação de nossa comunidade cristã”. (CM)