Cidade do Vaticano, 04 jul (RV) - Esta manhã, o papa recebeu os participantes
do congresso europeu sobre a vocação pastoral, que teve como tema “O Evangelho da
vocação para o jovem na cultura européia”. Em seu discurso, Bento XVI citou a parábola
evangélica do semeador, que mesmo consciente da possível aridez de suas terras e da
presença de espinhos, não se desencoraja, confiante de que uma parte das sementes
germinadas dará frutos.
“A terra é principalmente o coração dos homens, especialmente
dos jovens, a quem vocês dirigem seu serviço de escuta e acompanhamento: um coração
confuso, desorientado, mas capaz de conter uma incrível força de doação, pronto a
viver por amor de Jesus, capaz de segui-lo com totalidade e a certeza de ter encontrado
o maior tesouro da existência” – explicou o pontífice.
O coração do homem
é semeado sempre e exclusivamente pelo Senhor. Somente depois da semeadura generosa
da Palavra de Deus, será possível acompanhar, educar, formar e discernir; mas tudo
isso é ligado à pequena semente, que desprende uma força incomum: é a própria Palavra
de Deus, que por si só, atua de modo eficaz aquilo que diz e deseja.
Em seguida,
o papa mencionou outra parábola, do evangelho de João: “se o grão de trigo não cai
na terra e não morre, fica sozinho. Mas se morre, produz muito fruto.” “Esta é também
– ilustrou o papa – a lógica e a verdadeira fecundidade de toda pastoral vocacional
na Igreja”.
“Como Cristo, o sacerdote e o animador devem ser ‘um grão de trigo’,
que renuncia a si mesmo para fazer a vontade do Pai; que sabe viver escondido do clamor
e do rumor; que renuncia à visibilidade e à grandeza que fascinam muitos jovens, e
são hoje critérios ou mesmo objetivos de vida em muitos setores de nossa cultura”.
Diante do profundo clima de abatimento que reina entre os jovens de hoje,
Bento XVI exortou os pastores a serem semeadores de confiança e esperança. “É freqüente
que as palavras não tenham futuro ou perspectiva, sentido ou sabedoria. Comportamentos
como a impaciência frenética e a incapacidade de viver as expectativas são difusos;
mas esta pode ser a hora de Deus: seu chamado gera um caminho de esperança na plenitude
da vida”.
Concluindo, o papa citou São Paulo, que depois de conquistado por
Cristo, suscitou e formou vocações, e o Santo Cura D’Ars, um ‘farol’ do Ano Sacerdotal
recém-iniciado.
“O Ano Sacerdotal oferece uma bela oportunidade para reencontrarmos
o sentido profundo da pastoral vocacional, e seus métodos: o testemunho simples e
crível; a comunhão, a cotidianidade, a escuta; e enfim, a verdade, que pode gerar
a liberdade interior”.
Saudando os presentes, Bento XVI fez votos de que a
Palavra possa ser fonte de bênçãos, de consolação e de renovada confiança, para ajudá-los
a ‘ver’ e ‘tocar’ o Jesus que acolheram como Mestre.
“Que a Palavra do Senhor
habite sempre em vocês, renove em seus corações a luz, o amor, e a paz que somente
Deus pode doar, e os torne capazes de testemunhar e anunciar o Evangelho, fonte de
comunhão e de amor”. (CM)