2009-07-04 17:03:21

CARTA DO PAPA AO PRIMEIRO-MINISTRO ITALIANO EM VISTA DO G-8


Cidade do Vaticano, 04 jul (RV) - O Santo Padre enviou uma carta, neste sábado, ao primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, em vista da reunião de cúpula do G-8 (os sete países mais industrializados do mundo e mais a Rússia), que se realizará de 8 a 10 deste mês, na cidade de L'Aquila.

No texto, o pontífice ressalta que os desafios da atual crise econômica mundial e também o preocupante fenômeno das mudanças climáticas convidam a fazer um sábio discernimento e elaborar novos projetos, a fim de transformar o modelo de desenvolvimento global, "tornando-o capaz de promover, de forma eficaz, um desenvolvimento humano integral, inspirado nos valores da solidariedade humana e da caridade na verdade".

Bento XVI sublinha que a atual crise econômica mundial que afeta vários países "comporta a ameaça do cancelamento ou da drástica redução dos planos de ajuda internacional, especialmente em favor da África e de outros países menos desenvolvidos economicamente. Tal crise ameaça também os países que se beneficiaram, recentemente, de um período de crescimento econômico".

O papa faz um apelo aos Estados-membros do G-8 e aos Governos do mundo inteiro, para que a "ajuda ao desenvolvimento, destinada a valorizar os recursos humanos, seja mantida e reforçada" e sublinha que "educação é a condição indispensável para o funcionamento da democracia, para a luta contra a corrupção, para o exercício dos direitos políticos, econômicos e sociais e para a retomada efetiva do processo de desenvolvimento em todos os Estados, pobres e ricos".

Bento XVI pede também, que se reforce o multilateralismo, não somente na economia, mas em assuntos como a paz mundial, a segurança, o desarmamento, e a saúde, a salvaguarda do meio ambiente e dos recursos naturais para as gerações presentes e futuras.

Aos ilustres participantes do encontro do G-8, o papa recorda "que a medida da eficácia técnica das iniciativas a serem adotadas para se sair da crise coincide com a medida de seu valor ético". O pontífice frisa ainda, que "é preciso considerar as exigências humanas e familiares concretas". "Refiro-me, por exemplo − diz − à efetiva criação de empregos para todos, a fim de permitir que os trabalhadores e trabalhadoras possam fazer frente às necessidades da família e cumprir com a responsabilidade primária da educação de seus filhos."

A economia é um dos principais assuntos que o Santo Padre aborda na terceira encíclica de seu pontificado, intitulada "Caritas in veritate" (Caridade na verdade), que será apresentada na próxima terça-feira, na Sala de Imprensa da Santa Sé.

Em sua carta a Berlusconi, referindo-se à presença em L'Aquila, de outros países, Bento XVI afirma que "a ampliação do G-8 a outras regiões é um importante e significativo progresso", e expressa seu desejo de que as decisões da cúpula possam ser amparadas pelas Nações Unidas.

O papa aplaude a decisão do Executivo italiano de realizar a cúpula do G-8 em L'Aquila, uma das cidades mais atingidas pelo terremoto de 6 de abril passado, que deixou 299 mortos. (MJ)







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