Tegucigalpa, 02 jul (RV) - O secretário-executivo da Caritas de Honduras, Pe.
Germán Calíx, assegurou que a Igreja Católica rechaça o golpe de Estado contra o Governo
democraticamente eleito, porém, ao mesmo tempo, pede que o Presidente Manuel Zelaya
respeite os requisitos do plebiscito e do referendo, necessários para uma reforma
constitucional.
Em declarações ao site "Religión Digital", Calíx rechaçou
a acusação feita à Igreja Católica no país, de "cumplicidade golpista". "Não apoiamos
nem o golpe nem o desrespeito à Constituição" – afirmou o sacerdote, recordando que
dez dias antes do golpe, a Igreja apelara em favor do diálogo e manifestara seu apoio
à decisão de consultar o povo.
Pe. Calíx acrescentou que os bispos estão dispostos
a integrar uma comissão de diálogo, convocada pelo governo provisório, mas considera
que o regresso de Zelaya, previsto para esta quinta-feira, pode ser "catastrófico",
se não se chegar, antes, a um acordo.
Enquanto isso, o cardeal-arcebispo de
Tegucigalpa, Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, presidente da Caritas Internacional,
está realizando uma série de reuniões, para evitar que o golpe termine em confronto
pelas ruas do país.
O golpe de Estado foi condenado pela ONU, União Européia
e Estados Unidos. A Organização dos Estados Americanos (OEA), que se reuniu ontem
em Washington, exigiu que Zelaya regressasse à presidência no prazo de três dias.
Apesar da pressão internacional, o presidente interino, Roberto Micheletti, de origem
italiana, se recusa a abandonar o cargo.
Ontem, o Congresso de Honduras aprovou
um decreto presidencial que restringe as liberdades individuais dos cidadãos, das
22h e 5h, num reforço ao toque de recolher imposto no último domingo.
As novas
medidas estabelecem que pessoas podem ser detidas sem acusação formal, por mais de
24 horas, e restringem os direitos constitucionais de reunião e associação, de livre
circulação, assim como o direito de entrar e sair livremente do território nacional.
De acordo com o decreto, essas medidas devem permanecer em vigor pelo menos
até o próximo sábado. (BF)