Jerusalém, 02 jul (RV) - A Anistia Internacional (AI) disse, nesta quinta-feira,
que Israel praticou a "destruição cruel" da Faixa de Gaza, em ataques que frequentemente
tinham como alvos civis palestinos, durante uma ofensiva em dezembro e janeiro passados,
contra a área controlada pelo grupo militante Hamas.
A organização de defesa
dos direitos humanos sediada em Londres também criticou o Hamas − num relatório de
177 páginas sobre os 22 dias de conflito − por ter disparado foguetes contra Israel,
no que classificou de "crimes de guerra."
Entre outras conclusões, a AI afirma
não ter encontrado evidências que apoiem as acusações israelenses de que os guerrilheiros
em Gaza, tenham usado civis como "escudos humanos". A entidade diz, no entanto, que
há evidências de maus-tratos contra civis palestinos por parte de soldados israelenses.
A
Anistia Internacional diz ainda, em seu relatório, que cerca de 1.400 palestinos foram
mortos na operação militar israelense, incluindo 300 crianças e centenas de civis
inocentes. Esse número está amplamente em linha com os divulgados pelo Ministério
da Saúde em Gaza, controlado pelo Hamas e pela organização independente Centro Palestino
de Direitos Humanos.
O exército israelense afirma que morreram 1.166 palestinos,
295 dos quais, eram civis. Treze israelenses foram mortos, incluindo três civis, durante
a ofensiva lançada por Israel, com o objetivo declarado de pôr fim ao lançamento de
foguetes.
Ao acusar Israel de "violar as leis da guerra", a Anistia afirma:
"A maior parte da destruição foi cruel e deliberada, e foi promovida de maneira e
em circunstâncias tais, que não possa ser justificada do ponto de vista da necessidade
militar."
Comentando as acusações da Anistia, o exército israelense declarou
ter atuado de acordo com o Direito Internacional. Os militares acrescentaram ainda,
que o documento ignora os "esforços feitos pelas forças israelenses de defesa, para
minimizar o máximo possível, o sofrimento dos não combatentes".
"Em muitos
casos, as forças de defesa israelenses atuaram medidas de cautela, incluindo alertas
à população civil antes dos ataques" – informou o exército. "As forças israelenses
de defesa direcionaram seus ataques somente contra alvos militares."
Já um
porta-voz do Hamas disse que o relatório da Anistia não dá ênfase o bastante, para
os "crimes cometidos por Israel". "Esse relatório – disse ele – coloca no mesmo plano
o agressor e vítima, ignorando as normas internacionais que garantem o direito à resistência
contra a ocupação." (AF)