Crise financeira em debate nas Nações U nidas em Nova Iorque
(27/6/2009) Decorre em Nova Iorque uma cimeira das Nações Unidas centrada na crise
financeira, com os delegados de vários países a pedirem medidas capazes de reestruturar
os corpos financeiros internacionais. O decréscimo da ordem económica mundial que
premiou os poderosos e marginalizou os pobres, promovendo um capitalismo desenfreado
e sem precedentes, levou a que os delegados da Assembleia Geral da ONU tenham pedido
medidas concertadas para reestruturar os meios financeiros e políticas centradas nas
pessoas. No segundo dia da cimeira, mais de 50 delegados tomaram a palavra para
se referir à severidade da situação actual e partilhar ideias para que a economia
retome o seu crescimento, criar emprego e insuflar nova vida a negociações comerciais
paralisadas. O recém eleito presidente equatoriano Rafael Correa comparou o sistema
internacional a um «clã de poderosos» que falam de igualdade, mas que não tratam ninguém
justamente. Mas uma mudança, pediu a criação de um "Banco do sul" cujo objectivo seria
financiar projectos de desenvolvimento e, por isso, estimular a competitividade. Ralph
E. Gonsalves, primeiro ministro de São Vicente e Granadinas, questionou o facto de
os países serem obrigados a contrair empréstimos com quem lhes deu maus conselhos
e foi negligente na regulação, factos que conduziram à crise. A ministra para
a cooperação económica e desenvolvimento da Alemanha, Heidemarie Wieczorek-Zeul, considerou
que seria preciso uma organização como as Nações Unidas para enfrentar a crise com
plena legitimidade. Falando na cimeira, a ministra apontou a necessidade de um pacote
global de estímulos que beneficie os mais pobres e inclua a dimensão ecológica. Vários
países sugeriram a criação de um painel de especialistas que incluísse peritos de
todas as regiões para analisar a crise económica. A cimeira das Nações Unidas
termina este Sábado e está a ser seguida mundialmente, dada a importância da reflexão
que poderá conduzir à elaboração de políticas e medidas para ultrapassar a crise económica
e financeira. No passado Domingo, Bento XVI apelou aos delegados e os responsáveis
pelo "destino do planeta" o "espírito de sabedoria e solidariedade humana", para que
a actual crise "se transforme numa oportunidade, capaz de favorecer uma maior atenção
à dignidade de cada pessoa e de promover uma distribuição equitativa do poder de decisão
e dos recursos", com particular atenção "ao número, cada vez maior, dos pobres". O
Papa desejou que sejam tomadas "medidas partilhadas por toda a comunidade internacional"
e se assumam "escolhas estratégicas, por vezes difíceis de aceitar, que são necessárias
para assegurar a todos, no presente e no futuro, os alimentos fundamentais e uma vida
digna".