O empenho da ciência ao tratar do doente nunca se deve separar de uma filial confiança
para com Deus, infinitamente cheio de ternura e de misericórdia”. Bento XVI durante
a visita á “Casa Alivio do Sofrimento”
(21/6/2009) Na tarde deste Domingo Bento XVI reuniu-se com os doentes, os médicos,
os enfermeiros e os dirigentes da "Casa Alívio do Sofrimento". No discurso proferido
nesta ocasião o Papa recordou que esta foi pensada pelo Padre Pio como lugar de oração
e de ciência onde o género humano se reencontre em Cristo Crucificado com um só rebanho
com um o pastor. "Padre Pio queria que nesta estrutura sanitária bem apetrechada
se pudesse verificar, de forma concreta, que o empenho da ciência ao tratar o doente
nunca se deve separar de uma filial confiança para com Deus, infinitamente cheio de
ternura e de misericórdia", apontou. Na impossibilidade de passar como desejaria
por cada uma das secções desta enorme Casa de Saúde, o Santo Padre fez questão de
dirigir a todos e a cada um – doentes, médicos, familiares, pessoal sanitário e pastoral
- uma palavra de conforto paterno e de encorajamento a prosseguirem conjuntamente
esta obra evangélica, para aliviar a vida sofredora, valorizando todos os recursos,
para o bem humano e espiritual dos doentes e dos seus familiares. Aludindo ao mistério
da doença e do sofrimento, á esperança da cura e ao inestimável valor da saúde, observou
o Papa: “Nos hospitais vê-se de perto como é preciosa a nossa existência, mas
também até que ponto é frágil. Seguindo o exemplo de Jesus, que percorria toda a Galileia,
curando toda a espécie de doenças e enfermidades no povo”, desde as suas origens que
a Igreja, movida pelo Espírito Santo, considerou seu dever e privilégio estar ao lado
de quem sofre, cultivando uma atenção preferencial para com os doentes”.
Referindo
algumas das “inquietantes questões” que a doença suscita - Por que sofremos? Pode
considerar-se positiva a experiência da dor? Quem nos pode libertar do sofrimento
e da morte? – “interrogações existenciais, que, humanamente falando, permanecem na
maior parte dos casos sem resposta”, o Papa recordou que “sofrer faz parte do próprio
mistério da pessoa”.
“Sem dúvida que há que fazer todo o possível para diminuir
o sofrimento. Contudo, eliminá-lo completamente do mundo, não está ao nosso alcance,
pela simples razão de que nenhum de nós pode eliminar o poder do mal, permanente fonte
de sofrimento. Só Deus pode eliminar o poder do mal”.
Neste contexto, Bento
XVI recordou que a fé nos ajuda a penetrar no sentido de tudo o que é humano, portanto
também do sofrimento. Ora, “existe uma íntima relação entre a Cruz de Cristo – símbolo
do máximo sofrimento e preço da nossa verdadeira liberdade – e o nosso sofrimento,
que se transforma e sublima quando é vivido na consciência da proximidade e da solidariedade
de Deus”. Padre Pio tinha intuído esta profunda verdade e convidava os internados,
médicos e padres da Casa Alívio do Sofrimento a serem todos, uns para os outros “reservas
de amor”, que tanto maior será, mais se comunicará aos outros.
“Ser reservas
de amor. Eis, caros irmãos e irmãs, a missão que esta tarde o nosso Santo exige
de vós, que de algum modo formais a grande família desta Casa Alívio do Sofrimento.
O Senhor vos ajude a realizar o projecto lançado por Padre Pio, com o contributo de
todos”.
Todos sem excepção: médicos e investigadores, agentes de saúde e
pessoal dos diversos serviços, voluntários, benfeitores, Padre Capuchinhos e outros
padres. Sem esquecer também os “grupos de oração”, que – como dizia o Padre Pio –
“são a vanguarda desta Cidadela da caridade, viverios de fé, focos de amor”.