Responsáveis religiosos reflectem sobre o respeito pela vida, a ajuda aos mais pobres,
a imigração e o diálogo e sublinham a importância da religião em tempo de crise económica
(19/6/2009) A declaração final da quarta cimeira dos líderes religiosos dos oito
países mais industrializados (G8), que decorreu em Roma a 16 e 17 de Junho, defende
a realização de acções concertadas com vista ao encerramento das offshores não reguladas,
bem como o estabelecimento de um novo paradigma moral para responder aos desafios
da actualidade. Para responder à crise, que "pesa sobretudo sobre os pobres",
são necessárias medidas que solucionem as suas causas, reconheçam a necessidade essencial
de princípios morais, incluam os direitos dos accionistas e dêem prioridade ao financiamento
sustentado do desenvolvimento. Os líderes religiosos constatam que o materialismo,
que muitas vezes assume um carácter idolátrico, foi ineficaz durante esta crise. As
religiões, por seu lado, "podem e devem oferecer uma contribuição decisiva na procura
do bem comum". Além da crise económica, o texto manifesta as posições comuns dos
membros da assembleia sobre alguns dos problemas mundiais. A declaração sugere
que deve ser seguida uma política de "segurança partilhada", que inclua o respeito
pela harmonia entre todas as formas de vida: "o bem-estar de cada pessoa está relacionado
com o bem-estar das outras e com o nosso ambiente". A mensagem insiste na necessidade
de serem cumpridos os «Objectivos de Desenvolvimento do Milénio» "É imperativo
para a vida de milhões de pessoas que esses objectivos sejam cumpridos de acordo com
o calendário planeado, e nós comprometemo-nos a trabalhar com os líderes do G8 para
alcançar esse propósito". As dificuldades dos países africanos não são esquecidas
pelos líderes religiosos, que receiam que a crise económica afecte os esforços realizados
no combate à pobreza. A declaração afirma que "chegou a hora de nos empenharmos decisivamente
na cura de todo o continente ferido", pelo que é necessário colocá-lo no centro das
políticas de desenvolvimento.
Recordando os 70 anos do início da "grande tragédia
para a humanidade que foi a II Guerra Mundial" e os conflitos que se lhe sucederam,
o texto pede aos países que resistam a fazer da luta armada um instrumento de política
internacional, procurando antes estabelecer uma "paz justa para todos". A mensagem
exige que os países que escondem a posse de equipamento nuclear bélico reconheçam
oficialmente a existência desse armamento. Todos os estados que detêm esses recursos
deverão promover medidas que visem a sua redução e não proliferação. O aumento
do número de imigrantes e a ausência de políticas adequadas e uniformes na sua protecção
é outro problema denunciado no texto. Os últimos parágrafos da mensagem são dedicados
à necessidade de consolidar a comunicação entre as comunidades religiosas, os líderes
políticos, e as entidades civis: "o diálogo é uma arte que todos devem praticar e
cultivar". O próximo encontro de líderes religiosos ocorrerá no Canadá, em Junho
de 2010.