BENTO XVI SOBRE O PRESBÍTERO: ESPECIALISTA NA PROMOÇÃO DO ENCONTRO DO HOMEM COM DEUS
Cidade do Vaticano, 15 jun (RV) - Os sacerdotes devem ser "especialistas" em
Deus. Pode resumir-se assim, em extrema síntese, o magistério de Bento XVI sobre tudo
aquilo que diz respeito ao ministério dos presbíteros na Igreja. Em seus mais de quatro
anos de pontificado, o papa falou reiteradas vezes da identidade dos sacerdotes nos
tempos atuais.
Nesse sentido, uma mais orgânica e aprofundada reflexão estará
no centro do Ano Sacerdotal, que terá início oficialmente na próxima sexta-feira,
dia 19, com as Segundas Vésperas, presididas na Basílica de São Pedro pelo Santo Padre
na solenidade do Sagrado Coração de Jesus.
A propósito, retomemos algumas das
mais significativas afirmações de Bento XVI sobre o sacerdócio.
Quem vai à
Missa – se ajoelha num confessionário, pede um conselho espiritual – encontra um sacerdote,
mas na realidade quer encontrar Cristo e quer escutar a voz de Deus.
Essa
é a simples e, ao mesmo tempo, altíssima vocação de um sacerdote. Ser uma face mediante
a qual se intui outra Face, pronunciar palavras que sejam a Palavra.
Diante
dessa extraordinária responsabilidade, que vai além de qualidades somente humanas,
a humanidade de um sacerdote deve ser continuamente modelada na divindade do Sacerdote
por excelência, Cristo.
Essas convicções estão fortemente presentes no magistério
de Bento XVI, convicções repropostas em todas as ocasiões que lhe permitiram expressar-se
sobre esse tema e, de certo modo, preparar o Ano Sacerdotal.
O sacerdote –
observou o papa durante a Missa do Crisma deste ano – é um homem "que se afasta das
coisas mundanas e se doa a Deus". E a meta final desse percurso é o objetivo que levou
o pontífice a proclamar um Ano dedicado aos sacerdotes: "favorecer neles busca da
perfeição espiritual", como ele mesmo afirmou no dia 9 de março, quando anunciou esse
Ano Sacerdotal.
Já em maio de 2006, por ocasião de sua viagem à Polônia, o
papa dissera:
"Os fiéis esperam dos sacerdotes somente uma coisa: que sejam
especialistas na promoção do encontro do homem com Deus. Não se pretende que o sacerdote
seja especialista em economia, em construção civil ou em política. Espera-se dele
que seja especialista na vida espiritual (...) Sejam autênticos em sua vida e ministério.
Olhando para Cristo, vivam uma vida modesta, solidária com os fiéis aos quais foram
enviados. Sirvam a todos. Se vocês viverem da fé o Espírito Santo lhes sugerirá o
que devem dizer e como devem servir."
Todo presbítero sabe quais são os meios
para a "perfeição": Eucaristia, fidelidade a uma oração profunda, formação permanente.
O papa fala disso quase toda semana ao receber bispos do mundo inteiro que lhe apresentam
a situação de suas Igrejas particulares. No dia 13 de maio de 2005, no tradicional
encontro com o clero romano, Bento XVI traçou assim a missão do sacerdote:
"Tudo
aquilo que é constitutivo do nosso ministério não pode ser produto das nossas capacidades
pessoais (...) Não somos enviados para anunciar nós mesmos ou nossas opiniões, mas
o ministério de Cristo e, n'Ele, a medida do verdadeiro humanismo. Não somos encarregados
a dizer muitas palavras, mas a ser portadores de uma só "Palavra"; que é o Verbo de
Deus feito carne para a nossa salvação." (RL)