PAPA: "A ECONOMIA DEVE RESPEITAR AS NECESSIDADES E DIREITOS DOS MAIS FRACOS"
Cidade do Vaticano, 13 jun (RV) - Bento XVI recebeu em audiência, na manhã
deste sábado, o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, Dom Nikola Eterovic. Recebeu
ainda, um novo grupo de bispos da Conferência Episcopal da Venezuela em visita "ad
Limina Apostolorum".
A seguir, na Sala Clementina, o Santo Padre encontrou-se
com cerca de 300 membros da fundação "Centesimus Annus Pro Pontifice".
No discurso
que lhes dirigiu, o papa agradeceu aos membros da fundação pelo serviço prestado à
Igreja, acrescentando que o encontro de hoje assumia um significado e um valor particulares,
à luz da situação em que se encontra a humanidade neste momento.
“De fato −
disse o Santo Padre − a crise financeira e econômica que atingiu os países industrializados,
os emergentes e os países em desenvolvimento, mostra claramente como devem ser repensados
certos paradigmas econômico-financeiros que foram dominantes nos últimos anos. Portanto,
a fundação foi muito feliz na escolha do tema abordado no simpósio internacional realizado
ontem, que foi determinar quais sejam os valores e as regras aos quais o mundo econômico
deveria ater-se, para criar um novo modelo de desenvolvimento, mais atento às exigências
da solidariedade e mais respeitoso da dignidade humana.”
O pontífice manifestou
sua alegria ao saber que os membros da fundação analisaram, em particular, as interdependências
entre instituições, sociedade e mercado partindo − segundo a encíclica Centesimus
Annus, de seu venerado predecessor João Paulo II − da reflexão segundo a qual
a economia de mercado, entendida como "sistema econômico que reconhece o papel fundamental
e positivo da empresa, do mercado, da propriedade privada e da conseqüente responsabilidade
para os meios de produção, da livre criatividade humana no setor da economia", só
pode ser reconhecida como caminho de progresso econômico e civil, se voltada para
o bem comum.
Bento XVI recordou que tal visão, porém, deve ser acompanhada
de outra reflexão, segundo a qual a liberdade no setor da economia deve enquadrar-se
"num sólido contexto jurídico que a coloque a serviço da liberdade humana integral",
uma liberdade responsável "cujo centro é ético e religioso".
Em seu discurso,
o Santo Padre fez votos de que a pesquisas desenvolvidas pelos membros da fundação,
inspiradas nos eternos princípios do Evangelho, elaborem uma visão da economia moderna,
respeitosa das necessidades e dos direitos dos mais fracos. E concluiu, recordando
a próxima publicação da sua encíclica dedicada precisamente ao amplo tema da economia
e do trabalho.
"Nesta encíclica serão colocados em evidência os objetivos que,
para nós, cristãos, devem ser buscados, e os valores a serem promovidos e defendidos
incansavelmente, com a finalidade de realizar uma convivência humana verdadeiramente
livre e solidária." (SP)