Editorial do nosso director: o Ano sacerdotal não é só para os padres
Na próxima sexta-feira, solenidade do Sagrado Coração de Jesus, terá início o Ano
Sacerdotal promovido por Bento XVI, o qual tem aproveitado de várias intervenções
públicas recentes para o recordar. Assim fez, por exemplo, na homilia da Missa do
Corpo de Deus, quinta-feira à tarde. Este é o tema também do costumado Editorial
radiofónico – “Octava dies” - do nosso director, padre Frederico Lombardi:
"Também
os padres precisam de se lembrar de rezar!” Muitas vezes é com estas palavras que
Bento XVI acompanha a entrega do terço aos padres que o saúdam no final de uma audiência
ou de um encontro qualquer. A mim, sucedeu-me isso mais do que uma vez. Estas
palavras vieram-me ao espírito quando o Papa anunciou a celebração do Ano Sacerdotal,
que está para iniciar, por ocasião dos 150 anos da morte de São João Maria Vianney,
o santo Cura d’Ars, esplêndido modelo de espiritualidade e de zelo para todos os sacerdotes,
sobretudo para os que se encontram empenhados na pastoral. “É sempre
forte a tentação de reduzir a oração a momentos superficiais e apressados, deixando-se
dominar pelas actividades e pelas preocupações humanas” – diz também o Papa. Ecoam
assim as palavras do Cura d’Ars: “Há pessoas que parece dizerem assim ao bom Deus:
tenho só duas palavras a dizer-te, depressa me despacho e logo me vou embora”. Se
o problema da união com Deus se coloca para todos os cristãos, vale em especial para
os padres, interpelados de todos os lados, enquanto que diminui o seu número ou permanece
muito reduzido perante as expectativas. Obviamente que a santidade
dos sacerdotes é antes de mais responsabilidade sua, mas diz também respeito a toda
a comunidade dos fiéis. Basta alguns sacerdotes indignos para ferir profundamente
a credibilidade da Igreja. Por outro lado, a solidariedade espiritual da comunidade
é um fortíssimo apoio para a sua vida espiritual e apostólica. Por outras palavras:
o Ano sacerdotal vale para todos, que não só para os padres.