AUDIÊNCIA GERAL: "VERDADEIRA AUTORIDADE PROVÉM DE DEUS"
Cidade do Vaticano, 10 jun (RV) - Bento XVI encontrou-se nesta manhã com milhares
de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro para a habitual audiência geral
das quartas-feiras. O Papa dedicou a sua catequese de hoje a João Escoto Eriúgena,
um destacado filósofo do renascimento carolíngeo.
Na catequese, o Papa afirmou
que “a autoridade e a razão jamais podem estar em contraste uma com a outra”. Recordando
o ensinamento de João Escoto Eriúgena, teólogo irlandês do século IX, o pontífice
acrescentou que “toda autoridade não confirmada pela razão, não é verdadeira autoridade,
ainda que tivesse sido transmitida pelos santos padres”, explicando que a “verdadeira
autoridade” provém da razão, enquanto Deus é a razão criadora.
Pouco ou nada
se sabe de sua origem de João Escoto Eriúgena, exceto que nasceu por volta do ano
800 na Irlanda. Posteriormente, se estabeleceu na corte do rei francês Carlos o Calvo.
Morreu no ano 870. Foi um bom conhecedor da cultura patrística, dedicando uma atenção
especial a São Máximo o Confessor e, sobretudo, a Dionisio o Areopagita, a quem identificava
como aquele ateniense de igual nome que São Paulo encontrou em Atenas, e sobre o qual
se fala no livro dos Atos dos Apóstolos.
João Escoto classificava Dionisio
como o “autor divino” por excelência e traduziu suas obras do grego para o latim.
As intuições de Escoto Eriúgena foram logo recolhidas e desenvolvidas por alguns grandes
místicos ocidentais, em particular pelo famoso Maestro Eckhart. Seus escritos mais
importantes são o tratado “sobre a divisão da natureza” a “as exposições sobre a hierarquia
celeste de São Dionisio”.
“Em toda sua produção teológica, - disse o papa
- João Escoto se esforça para expressar o inefável de Deus, baseando-se para isso
no mistério do Verbo feito carne em Jesus de Nazaré.”
Na conclusão da audiência
geral o Papa saudou os grupos de peregrinos presentes em suas respectivas línguas,
entre as quais o português e concedeu a todos a sua Benção Apostólica.
“Dirijo agora
uma cordial saudação a todos os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente ao grupo
brasileiro de Santa Catarina e aos «pequenos cantores» de Amorim, Portugal, pedindo
à Virgem Mãe que guarde a vida e a família de cada um como um canto de louvor perene
a Deus e de bênção generosa para quantos cruzam o seu caminho. Obrigado pela vossa
jubilosa participação neste encontro com o Sucessor de Pedro. Sobre vós e vossos entes
queridos, desça a minha Bênção!” (SP)