2009-06-06 18:19:34

CARDEAL TAURAN: ASSISTIMOS A UM RETORNO DO FATO RELIGIOSO, A UM RENASCIMENTO DA SACRALIDADE


Paris, 06 jun (RV) - Realizou-se nestes dias em Montauban, na França, o Colóquio internacional sobre o ensino das religiões, do qual participou, entre outros, o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran. A dimensão do diálogo inter-religioso esteve no centro do pronunciamento do purpurado francês.

"Vivemos todos em sociedades pluriculturais e multirreligiosas, disse o prelado recordando que "as religiões são capazes do melhor e do pior: podem colocar-se a serviço de um projeto de santidade ou de um projeto de alienação".

Referindo-se àqueles que praticam ações terroristas dizendo-se inspirados por motivos religiosos, o cardeal reconheceu que tudo isso alimenta "o paradoxo que as religiões são percebidas como perigo". A esse propósito, falando do Islã, o purpurado ressaltou que "tudo isso não diz respeito ao verdadeiro Islã praticado pela maioria dos fiéis dessa religião".

O presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso observou que "a religião não é um momento particular da história, mas pertence à natureza do homem".

Contudo, o Cardeal Tauran reconheceu que existem contextos, orientações e práticas particulares: ele recordou uma certa filosofia iluminista segundo a qual somente a razão pode ter acesso à verdade; ou um certo programa da Revolução francesa que queria construir uma sociedade sem Deus; para não falar da "escuridão que a humanidade conheceu com os dois totalitarismos do século passado".

Olhando para os nossos dias, o prelado ressaltou que, apesar dos desafios, "a questão de Deus emergiu mais forte do que nunca" e que assistimos a um retorno do fato religioso, a um renascimento da sacralidade. "A religião tornou-se um fator capital na vida cultural, política e econômica, bem como no ensino", na formação da pessoa.

Ressaltando que em algumas sociedades ocidentais diminuiu o nível da participação comunitária, o purpurado citou a expressão inglesa que resume o fenômeno: believing without belonging, ou seja, acreditar sem pertencer, que significa um modo emocional e individualista de crer. Diante disso, o Cardeal Tauran reiterou a importância do "conhecimento sério da própria tradição religiosa" e, portanto, da clareza da própria identidade.

Em seguida, o prelado afirmou que "a Igreja está aberta ao mundo" e concebe "o diálogo com os fiéis de outras confissões como uma fonte de enriquecimento para todos". Mas advertiu: diálogo inter-religioso não significa dizer que "todas as religiões ensinam mais ou menos a mesma coisa", mas que "todas as pessoas que buscam Deus têm a mesma dignidade" e significa "fazer o possível para compreender o ponto de vista do outro".

O purpurado recordou que a dignidade da pessoa e o caráter sagrado da vida são pontos firmes para as nossas tradições religiosas, e juntos com homens de boa vontade aspiramos à paz. Por fim, o Cardeal Tauran citou palavras que Bento XVI proferiu no dia 1º de fevereiro de 2007: "A busca e o diálogo inter-religioso não são uma opção, mas uma necessidade dos nossos tempos". (RL)







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