África é o único continente livre de armas nucleares mas , ao mesmo tempo, é aquele
onde as armas ligeiras geram maiores inquietações.
(29/5/2009) O presidente da Comissão da União Africana (UA) defendeu em Luanda que
os processos democráticos em África não podem ser do "género Nescafé", em que basta
"juntar água e mexer". Jean Ping, que falava na sessão de abertura do colóquio
sobre "Paz, Reconciliação e Reconstrução do Continente Africano", para assinalar o
dia de África, referia-se especificamente ao modelo que os Estados Unidos defendem. O
presidente da Comissão Executiva da UA recordou que na década de 1980 existiam mais
de uma dezena de conflitos violentos no continente mas que hoje estão resumidos a
duas "grandes preocupações", o caso do Darfur, no Sudão, e a Somália. A este propósito,
e tendo como referência o potencial de geração de conflitos, Jean Ping recordou que
África é o único continente livre de armas nucleares mas é, ao mesmo tempo, aquele
onde "as armas ligeiras geram maiores inquietações". Por seu lado, o ministro da
Relações Exteriores de Angola, Assunção dos Anjos, anfitrião do encontro, afirmou
que se tem verificado "uma redução em número e intensidade" dos conflitos em África,
facto que impele a organização continental, a "reforçar e aprofundar" essa tendência,
através do diálogo. A paz, segurança e estabilidade são apontadas como as principais
condições para a "consolidação das premissas indispensáveis ao desenvolvimento económico,
social, técnico-científico e cultural" para a integração económica e política do continente
africano, que ocupa na hierarquia mundial uma posição "quase marginal". De acordo
com Assunção dos Anjos, o governo angolano reconhece que é necessário ser reforçada
a capacidade da Comissão Africana, em meios materiais, humanos e financeiros, sem
transformá-la numa autoridade supranacional.