PAPA A FUTUROS DIPLOMATAS DA SANTA SÉ: PREOCUPEM-SE COM A SANTIDADE, NÃO COM A CARREIRA
Cidade do Vaticano, 23 mai (RV) - Bento XVI iniciou suas atividades deste sábado,
recebendo em audiência, no Vaticano, o prefeito da Congregação para a Evangelização
dos Povos, Cardeal Ivan Dias; em seguida, recebeu um grupo de bispos do Peru, que
nestes dias estão realizando a sua qüinqüenal visita "ad Limina Apostolorum".
E por fim, recebeu em audiência, na Sala dos Papas, a comunidade da Pontifícia Academia
Eclesiástica, guiada por seu presidente, o Arcebispo Beniamino Stella.
No discurso
que fez aos futuros diplomatas da Santa Sé, o papa afirmou que existe um "código"
que permite aos cristãos decifrar os problemas do mundo: o Evangelho. O pontífice
convidou os estudantes da Pontifícia Academia Eclesiástica – futuros sacerdotes destinados
ao serviço diplomático da Santa Sé – a recorrerem constante a esse código.
Bento
XVI exortou-os a cultivarem uma forte identidade espiritual para não caírem na ilusão
de uma cômoda carreira ou se deixarem levar por "lógicas por demais terrenas".
Estar
no mundo sem ser do mundo. Se existem homens, dentro da Igreja, para os quais a sabedoria
dessa frase é indicada sob medida, esses homens são, sem dúvida, os sacerdotes que
trabalham nas nunciaturas apostólicas espalhadas pelo mundo.
Um serviço de
grande importância e, ao mesmo tempo – reconheceu Bento XVI – exposto ao perigo de
uma contaminação, quando a solidez espiritual corre o risco de entrar em conflito
com lógicas que não pertencem a quem é de Cristo.
"Efetivamente, o serviço
nas nunciaturas apostólicas pode ser considerado, de certo modo, como uma vocação
sacerdotal específica, um ministério pastoral que comporta uma inserção particular
no mundo e em seus problemas de caráter social e político muitas vezes complexos.
Então, é importante que vocês aprendam a decifrá-los, sabendo que o "código" de análise
e de compreensão dessas dinâmicas só podem ser o Evangelho e o perene magistério da
Igreja."
Portanto, é necessário que sejam formados para "a leitura atenta das
realidades humanas e sociais", mas também plenamente "íntimos" de Jesus: sobre esses
pilares apoia-se a viga mestra desse compromisso particular – prosseguiu o pontífice.
O papa indicou aos estudantes da Pontifica Academia Eclesiástica que ser "homens de
intensa oração" os ajudará a superar solidões e incompreensões e a não perderem de
vista a essencialidade do serviço.
"Aquela capacidade de diálogo com a modernidade
que lhes é exigida, bem como o contato com as pessoas e as instituições que elas representam,
exigem uma robusta estrutura interior e uma solidez espiritual capazes de salvaguardar
e, aliás, evidenciar sempre melhor a sua identidade cristã e sacerdotal. Somente assim,
vocês poderão evitar sentir os efeitos negativos da mentalidade mundana, e não se
deixarão atrair nem contaminar por lógicas por demais terrenas."
O Santo Padre
convidou os estudantes da Pontifícia Academia Eclesiástica a viverem com particular
intensidade o Ano Sacerdotal que terá início no dia 19 de junho próximo. "Valorizem
ao máximo essa oportunidade para serem sacerdotes segundo o coração de Cristo, como
São João Maria Vianney" – exortou.
"O Senhor nos quer santos, ou seja, que
todos sejamos "seus". Não se preocupem em construir uma carreira humanamente interessante
ou cômoda, em busca do aplauso das pessoas e do sucesso, mas se dediquem inteiramente
ao bem das almas, dispostos a realizar plenamente o nosso dever com a consciência
de sermos "servos inúteis", com a alegria de poder oferecer a nossa pobre contribuição
para a difusão do Evangelho." (RL)