REPRESENTANTE VATICANO NA UNESCO: NÃO À MANIPULAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Paris, 22 mai (RV) - As tecnologias da informação e da comunicação, a educação
para todos e a educação intercultural: foram os três pontos sobre os quais se deteve,
nestes dias,o observador permanente da Santa Sé junto à UNESCO (Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) Mons. Francesco Follo, em pronunciamentos
na 181ª sessão do Conselho Executivo desse organismo, em Paris.
Foram três
pronunciamentos sobre temas diferentes, ligados a um único apelo: fazer com que a
comunicação e a educação tenham o homem como objetivo primeiro, entendido como pessoa
e portador de dignidade.
Em seu primeiro pronunciamento, dedicado às tecnologias
da informação e da comunicação, o prelado reiterou que a Santa Sé encoraja os esforços
para a formação tecnológica e informática nos países emergentes, desde que tal formação
"não se limite a uma dimensão técnico-profissional, mas leve o homem em consideração",
ou seja, o desenvolvimento do indivíduo, o respeito pelo outro e o bem comum. Ao mesmo
tempo, Mons. Follo expressou o apoio da Santa Sé à luta, levada avante pela UNESCO,
contra o abuso e a manipulação da informação.
No segundo pronunciamento, o
prelado se deteve sobre a necessidade de que seja garantida a todos uma educação adequada,
sobretudo nos países emergentes, como os da África. A esse propósito, foram sugeridas
duas estratégicas: em primeiro lugar, dar importância à escola, onde o aluno aprende
as regras de vida fundamentais. Aquelas regras cuja falta provoca a violência juvenil.
A escola é "o primeiro lugar da socialização", ondel "se aprende a viver em grupo,
a respeitar o outro, a escutar e a partilhar", segundo o mandamento primeiro do amor
– disse Mons. Follo.
A segunda estratégia indicada pelo representante vaticano
foi a da paridade de acesso aos estudos, tanto para os homens quanto para as mulheres.
"A mulher e o homem têm carismas complementares.: existem valores tipicamente masculinos,
como a utopia, a criatividade, a diplomacia, e a maestria; e valores tipicamente femininos,
como o realismo, a atenção, a resistência, a tenacidade e a capacidade de comunicar"
− observou o prelado.
Por isso, "a prática educacional deve favorecer o acolhimento
da identidade sexual, de modo que cada um dos gêneros aprenda a expressar sinceramente
a própria vocação". Sobretudo, considerando que "a educação tem como objetivo primeiro
a formação de seres livres", segundo três critérios: a abertura ao outro; o desenvolvimento
da interioridade e da exterioridade; e a consciência de si e do outro – continuou.
O
terceiro e último pronunciamento de Mons. Follo foi dedicado à educação intercultural.
Ele afirmou que "existe, atualmente, uma tendência crescente a orientar a educação
segundo um modelo puramente produtivo", e que "uma orientação unilateral da educação
voltada para critérios de eficácia não pode deixar de ter graves conseqüências".
Mons.
Follo ressaltou que a crise financeira atual "é rica de ensinamentos a esse respeito".
"Somente a pessoa que concebe a relação com os outros para além de critérios de produtividade,
pode apreciar as coisas em seu justo valor", porque "as relações sociais são um fim
e não um meio".
O observador permanente da Santa Sé junto à UNESCO acrescentou
que "a educação realiza plenamente sua vocação, quando os adolescentes entram conscientemente
em contato com outras culturas, aprendendo, assim, uns com os outros".
Nisso,
os professores desempenham um papel fundamental, porque "devem dar aos jovens uma
visão positiva da realidade, demonstrando que as questões teológicas não são contra
a razão, mas sim seu ápice" – concluiu Mons. Follo. (RL)