PAPA VISITARÁ MONTECASSINO NO PRÓXIMO DOMINGO: A LIGAÇÃO ESPECIAL ENTRE BENTO XVI
E SÃO BENTO DE NÚRCIA
Cidade do Vaticano, 19 mai (RV) - A Igreja em Montecassino – na região italiana
do Lácio – aguarda com grande expectativa a visita pastoral de Bento XVI, no próximo
domingo. Um dos momentos fortes da visita será a celebração das Vésperas na Abadia
beneditina com os abades e as abadessas do mundo inteiro. Será um momento para ressaltar
a ligação do papa com São Bento de Núrcia.
Aproveitando a ocasião, repercorramos
algumas reflexões de Bento XVI sobre o patrono da Europa e pai do monaquismo ocidental.
São
Bento não está somente no nome do papa. Está, sobretudo, em seu coração. Poucos dias
antes de ser eleito Sucessor de Pedro, no dia 1º de abril de 2005, Joseph Ratzinger
se encontrava no Mosteiro de Santa Escolástica, em Subiaco – próximo a Roma – onde
pronunciou um memorável discurso sobre o valor permanente da fé cristã diante dos
limites da atual cultura racionalista.
"Precisamos de homens como Bento de
Núrcia, o qual, num tempo de dispersão e decadência", conseguiu "fundar em Montecassino
a cidade sobre o monte", e a "unir as forças com as quais se formou o novo mundo",
foi a sua exortação, acrescentando que "precisamos de homens" que, como São Bento,
"mantenham o olhar voltado para Deus, aprendendo desse olhar, a verdadeira humanidade.
Três
semanas depois, no dia 27 de abril, na Praça São Pedro, em sua primeira audiência
geral, o novo pontífice se deteve sobre a escolha para si do nome Bento, ressaltando
como o patriarca do monaquismo ocidental é venerado em sua terra natal, a Baviera:
"São
Bento (...) constitui um ponto fundamental de referência para a unidade da Europa
e uma forte evocação às irrenunciáveis raízes da sua cultura e da sua civilização."
O
papa recordou a recomendação deixada por Bento aos monges, em sua Regra: "Não anteponham
absolutamente nada a Cristo". Uma advertência que o pontífice fez sua no início de
seu ministério petrino:
"No início de meu serviço como Sucessor de Pedro, peço
a São Bento que nos ajude a manter firme a centralidade de Cristo em nossa existência.
Que Ele esteja sempre em primeiro lugar em nossos pensamentos e em toda nossa atividade!"
Em
setembro de 2008, em sua viagem à França, dirigindo-se ao mundo da cultura no Colégio
dos Bernardinos de Paris, o pontífice falou do modelo beneditino, da sua atualidade.
As raízes da cultura européia se fixam no terreno fértil do monaquismo ocidental,
reiterou, observando que os monges, buscando Deus, fundaram uma nova civilização.
Uma experiência que deve ser redescoberta:
"Quaerere Deum, buscar Deus
e deixar-se encontrar por Ele: isso não é hoje menos necessário do que em tempos passados."
Bento
XVI chamou a atenção para uma cultura "meramente positivista", que remove a pergunta
sobre Deus. Seria "uma derrocada do humanismo", advertiu.
"Aquilo que fundou
a cultura européia, a busca de Deus e a disponibilidade a ouvi-Lo, permanecem também
hoje como fundamento de toda verdadeira cultura."
E no dia 20 de setembro de
2008, recebendo os abades beneditinos do mundo inteiro, exortou-os a anunciarem o
primado de Deus, sobretudo num mundo cada vez mais dessacralizado:
"Em seus
mosteiros, vocês por primeiro renovem e aprofundem diariamente o encontro com a pessoa
de Cristo, que têm sempre com vocês como hóspede, amigo e companheiro. Por isso, seus
conventos são lugares aonde homens e mulheres, também em nossa época, acorrem para
buscar Deus e aprender a reconhecer os sinais da presença de Cristo, da sua caridade,
da sua misericórdia."
O Santo Padre dedicou a São Bento, "astro luminoso" –
como o definiu São Gregório Magno – a catequese da audiência geral de 9 de abril do
ano passado. E ressaltou o significado da construção da abadia de Montecassino:
"No
ano 529, Bento deixou Subiaco para estabelecer-se em Montecassino. (...) essa decisão
foi-lhe necessária porque ele havia entrado numa nova fase de sua maturação interior
e da sua experiência monástica. (...) a vida monástica no anonimato tem uma sua razão
de ser, mas um mosteiro tem também a sua finalidade pública na vida da Igreja e da
sociedade, deve dar visibilidade à fé como força de vida." (RL)