Manágua, 19 mai (RV) - O presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua e
arcebispo de Manágua, Dom Leopoldo José Brenes Solórzano, questionou ontem a importância
e a idoneidade de promover reformas na Constituição para permitir a reeleição do atual
presidente, Daniel Ortega.
“O que é mais importante neste momento em nosso
país? Será isso? É o mais prioritário, enquanto vemos tanta gente sem emprego?” –
perguntou Dom Leoplodo, em uma declaração à TV Canal 12.
O partido no governo,
Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), está reunindo consensos para obter
dois terços de votos no Parlamento e aprovar a reforma necessária para estabelecer
a reeleição presidencial indefinida, assim como almejado por Ortega.
A Constituição
da Nicarágua proíbe a reeleição presidencial consecutiva, mas não a alterna. As reformas
podem ser aprovadas com pelo menos dois terços dos 92 deputados da Assembléia Nacional,
um quórum que os sandinistas e seus aliados não conseguiram ainda alcançar.
Segundo
Dom Leopoldo, os bispos do país não assumiram uma postura comum sobre as reformas
porque ainda não se reuniram para debatê-las, mas a Igreja católica nicaragüense foi
sempre crítica com o governo de Ortega, em seu segundo mandato, iniciado em janeiro
de 2007, depois do primeiro, de 1979 a 1990.
Os bispos criticam o governo,
que a seu ver é corrupto, usa imagens de Nossa Senhora com fins partidários, e principalmente,
pela falta de transparência nas eleições municipais de novembro passado, vencidas
pelos sandinistas. O relacionamento entre bispos e governo se deteriorou ainda mais
na época do voto, quando a oposição lançou acusações de fraude. (CM)