JUNTA MILITAR BIRMANESA INICIA NOVO JULGAMENTO DA PRÊMIO NOBEL DA PAZ
Yangún, 18 mai (RV) - Em Mianmar (ex-Birmânia), a Junta Militar que ocupa o
poder desde 1962, iniciou nesta segunda-feira, um novo julgamento contra a líder da
oposição e prêmio Nobel da Paz-1991, Aung San Suu Kyi, que pode ser condenada a cinco
anos de reclusão, por suposta violação das condições de sua prisão domiciliar que
expiraria no dia 27 de maio.
O julgamento contra a líder opositora de Mianmar
− de 63 anos e saúde frágil − por ter permitido a presença de um cidadão norte-americano
em sua casa, realiza-se na penitenciária de Insein, que vetou o acesso de quatro embaixadores
europeus.
"O julgamento começou" − revelou à AFP uma fonte do Governo, pedindo
o anonimato. A primeira audiência do processo durou cinco horas.
Dezenas de
milhares de partidários de Aung San Suu Kyi reuniram-se nas imediações da penitenciária,
apesar da forte presença de policiais e das barreiras montadas para bloquear o acesso
ao local. Um jovem militante foi detido, segundo a Liga Nacional pela Democracia (LND),
o partido político de Suu Kyi.
As medidas de segurança foram consideravelmente
reforçadas em toda a cidade e o exército impediu a entrada de representantes da Grã-Bretanha,
França, Alemanha e Itália. Uma fonte diplomática que pediu o anonimato, protestou,
afirmando que, num "Estado de direito, as audiências judiciais são públicas".
Na
última quinta-feira, a prêmio Nobel da Paz foi levada de sua casa, onde estava em
prisão domiciliar desde 2003, para Insein, onde foi indiciada pela "estranha invasão
de sua casa por um mórmon norte-americano, John Yettaw, que teria chegado a nado à
residência, e ali permanecido por dois dias", segundo a versão das autoridades birmanesas.
Suu
Kyi protestou inocência, por meio de seu advogado, Kyi Win.
Se for considerada
culpada, a prêmio Nobel da Paz pode ser condenada a uma pena de até cinco anos de
reclusão. O cidadão norte-americano John Yettaw também pode ser sentenciado a uma
pena similar.
Em Bruxelas, o ministro tcheco das Relações Exteriores, Jan Kohout
− a República Tcheca detém, atualmente, a presidência da União Europeia (UE) − afirmou
que os europeus estão dispostos a endurecer as sanções contra o regime birmanês.
No
entanto, algumas horas depois, a comissária europeia das Relaciones Exteriores, Benita
Ferrero-Waldner, manifestou-se contrária a esse tipo de atitudes e defendeu um fortalecimento
do diálogo com os países vizinhos de Mianmar, como China ou Índia. (AF)