2009-05-16 13:40:51

VIAGEM À TERRA SANTA: "PEREGRINO DE PAZ"


Roma, 16 mai (RV) - O papa Ratzinger se inclinou sobre a urna das cinzas das vítimas dos campos de extermínio nazistas, em Yad Vashem; o papa Ratzinger com os refugiados de Aida diante do Muro que divide a Cisjordânia de Israel, os israelenses do medo e os palestinos de uma vida normal. São imagens que − segundo a imprensa internacional − não devem ser esquecidas, da viagem de Bento XVI à Jordânia, Israel e Territórios Palestinos.

A XII Peregrinação Apostólica Internacional do pontificado de Bento XVI, talvez tenha sido a mais difícil e intensa de seu pontificado, por causa do mesclar-se de temas políticos e inter-religiosos, pelo significado dos lugares visitados, pelos trinta discursos escritos e pronunciados com atenção e cuidado.

Oito dias na Jordânia, Israel e Territórios Palestinos dentro de um emaranhado de relações e problemas políticos, inter-religiosos e pastorais, vividos num momento crucial do conflito israelense-palestino, com a frustração palestina próxima à explosão, e a reviravolta que o presidente norte-americano Obama deseja dar à diplomacia internacional para desbloquear as negociações sobre o Oriente Médio.

Uma viagem que não reuniu grandes multidões − como já era previsto − mas que chamou atenção pelos temas que o papa abordou. Uma viagem "difícil", como reconheceu o próprio Santo Padre durante o vôo de retorno a Roma, ocasião em que forneceu aos jornalistas um primeiro e sintético balanço: emoções por alguns lugares visitados, e a "impressão fundamental" de que em todos − judeus, cristãos e muçulmanos – haja uma decidida vontade de colaboração… entre as religiões e não por motivos políticos.

O pontífice disse ainda, que existe a consciência do fato que, na Terra Santa, são muitas as "dificuldades": "Pudemos ver isso e devemos vê-las e esclarecê-las, e infelizmente não é tão visível o desejo comum de paz e de fraternidade", sublinhou o Santo Padre.

Os objetivos desta sua 12ª viagem apostólica internacional já haviam sido claramente evidenciados pelo próprio Bento XVI, muitos antes de ela iniciar: "ser peregrino de paz" na terra de Jesus; confirmar a fé dos cristãos da Terra Santa − pequena minoria, próxima à extinção e tentada pela emigração; reforçar as relações com o Islamismo e o Judaísmo, promovendo, entre outras coisas, uma "mesa de diálogo trilateral", e a questão do ecumenismo.

E se, com o Islamismo moderado, o papa podia contar com as boas relações iniciadas após Regensburg, com o Judaísmo era muito recente a crise derivada das declarações negacionistas do bispo tradicionalista lefébvriano, Dom Williamson.

Os católicos da Terra Santa, por sua vez, temiam que a delicadeza das relações com muçulmanos e judeus pudesse prejudicar a viagem, fazendo com que as palavras do Santo Padre não chegassem aos corações de todos os habitantes da região.

Diante dessa complexidade de situações e aspirações, Bento XVI optou por falar claramente com todos, dizendo tudo aquilo que queria dizer, agradando ou não a seus interlocutores. Assim, aos israelenses recordou os direitos dos palestinos a um seu Estado, e o direito à liberdade de livre circulação e de religião; e aos palestinos, o direito dos israelenses, de viverem seguros dentro de seus confins, e a rejeição ao terrorismo.

Sobretudo falou de paz, seja no momento da sua chegada a Israel, seja no dia passado em Belém, nos Territórios da Autoridade Nacional Palestina, reafirmando o direito dos palestinos a uma "Pátria soberana", "segura e em paz com os seus vizinhos, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas".

A etapa jordaniana viu o reforço das relações com os muçulmanos, e comportamentos de grande respeito e simpatia, como a colocação de um tapete na mesquita de al-Hussein Bin-Talal, de Amã, para que o papa pudesse visitá-la sem ter que tirar os sapatos.

Nos últimos dias, Bento XVI procurou, por diversas vezes, infundir coragem aos cristãos e católicos da Terra Santa, que estão diminuindo por causa das dificuldades econômicas e, mais ainda, em virtude das pressões sociais dos israelenses e muçulmanos. Uma atitude esta, que deu novo ânimo a esse pequeno rebanho que vive nos lugares onde Cristo viveu.

Durante o vôo de retorno a Roma e ao Vaticano, Bento XVI fez votos ainda, de que outros peregrinos tomem a estrada da Terra Santa.

Duas últimas curiosidades: excepcionalmente, para este vôo de retorno, a companhia aérea de bandeira israelense – El Al – emitiu um ticket de embarque para o Santo Padre: não se sabe se em nome de Bento XVI ou de Joseph Ratzinger. Durante a viagem de regresso, o papa saudou a jornalista do canal inglês da televisão "Al Jazeera" – Barbara Serra – a primeira repórter de um meio de comunicação árabe a fazer parte da comitiva de repórteres que viajou com o pontífice. (SP)







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