PAPA NO ENCONTRO COM CHEFES RELIGIOSOS DA GALILÉIA: A PAZ É DOM DE DEUS, MAS NÃO PODE
SE REALIZAR SEM ESFORÇO DO HOMEM
Nazaré, 14 mai (RV) - Bento XVI manteve esta tarde, às 16h30 locais, no auditório
do Santuário da Anunciação, de Nazaré, um encontro com os chefes religiosos da Galiléia.
O
vigário patriarcal latino de Jerusalém, Dom Giacinto-Boulos Marcuzzo, saudou o Santo
Padre, ressaltando a importância de sua peregrinação na Terra Santa, e a alegria deste
cordial encontro com os chefes religiosos da Galiléia.
Agradecendo pelas palavras
de boas-vindas a ele dirigidas e pelo caloroso acolhimento, o Santo Padre saudou os
líderes das diversas comunidades presentes: cristãos, muçulmanos, judeus, drusos e
outros.
Após ressaltar perceber como uma bênção particular poder visitar a
cidade venerada pelos cristãos como o lugar onde o anjo anunciou à Virgem Maria que
conceberia por obra do Espírito Santo, e que ali o Menino Jesus "crescia em sabedoria
e graça diante de Deus" (Lc 2, 40), o papa frisou que o mundo, longe de ser um fato
cego, foi querido por Deus e revela o seu esplendor glorioso.
Dito isso, o
pontífice acrescentou:
"No coração de toda tradição religiosa encontra-se a
convicção de que a própria paz é um dom de Deus, embora esta não possa ser alcançada
sem o esforço humano. Uma paz duradoura provém do reconhecimento que o mundo não é
nossa propriedade, mas, sobretudo, o horizonte no qual somos convidados a participar
do amor de Deus e a cooperar na condução do mundo e da história sob a sua inspiração."
Bento
XVI advertiu ainda que não podemos fazer com o mundo tudo aquilo que nos apraz; aliás,
somos chamados a conformar as nossas escolhas segundo as complexas e, todavia, perceptíveis
leis escritas no universo pelo Criador, e a modelar as nossas ações segundo a bondade
divina presente no reino da criação – ressaltou.
O pontífice prosseguiu recordando
que a Galiléia, uma terra conhecida pela sua heterogeneidade étnica e religiosa, é
a pátria de um povo que conhece bem os esforços exigidos para viver em harmoniosa
coexistência.
"As nossas diversas tradições religiosas – destacou – têm em
si notáveis potencialidades em relação à promoção de uma cultura da paz, especialmente
mediante o ensino e a pregação dos valores espirituais mais profundos da nossa comum
humanidade".
Em seguida, o Santo Padre fez questão de observar que plasmando
o coração dos jovens, plasmamos o futuro da própria humanidade, acrescentando que
os cristãos se unem a judeus, muçulmanos, drusos e pessoas de outras religiões no
desejo de salvaguardar as crianças do fanatismo e da violência, ao tempo em que os
preparam para que sejam construtores de um mundo melhor.
Por fim, o pontífice
fez uma exortação aos chefes religiosos da Galiléia:
"Meus caros amigos, sei
que vocês acolhem com alegria e com a saudação da paz os muitos peregrinos que chegam
à Galiléia. Encorajo-os a continuarem exercendo o respeito recíproco, ao tempo em
que trabalham para aliviar as tensões concernentes aos lugares de culto, garantindo
assim um ambiente sereno para a oração e a meditação, aqui e em toda a Galiléia. Representando
diversas tradições religiosas, vocês partilham o desejo comum de contribuir para o
melhoramento da sociedade e testemunham assim os valores religiosos e espirituais
que ajudam a fortalecer a vida pública."
Bento XVI concluiu assegurando o compromisso
da Igreja Católica de participar dessa nobre tarefa.
Após o encontro com os
chefes religiosos da Galiléia, o Santo Padre deixou o auditório do Santuário da Anunciação,
transferindo-se para a Basílica Inferior do Santuário de Nazaré, onde, acolhido pelo
Ministro Geral dos Franciscanos, foi acompanhado até a Gruta da Anunciação, momento
marcado de grande comoção. Ali, o papa se deteve por alguns instantes em oração e
recolhimento. (RL)