O dever do Estado de apoiar as famílias na sua missão educativa, proteger a instituição
familiar e os direitos inerentes e assegurar que todas as famílias possam viver e
desenvolver-se em condições de dignidade”,salientado pelo Papa na homilia da Missa
em Nazaré.
(14/5/2009) A peregrinação de Bento XVI á Terra Santa chegou ao seu penúltimo dia
. Nesta quinta feira o Papa deslocou-se a Nazaré, na Galileia, onde celebrou a
Santa Missa . . Nazaré, onde segundo os Evangelhos Jesus terá passado a sua juventude,
é a maior cidade árabe de Israel (60.000 habitantes), com 30 por cento de cristãos.
O Monte do Precipício que se abre em forma de anfiteatro nas colinas da Galileia foi
o lugar da celebração que constituiu também a conclusão do ano da família proclamado
pela Igreja católica na Terra Santa, e viu a participação de cerca de 45 mil fiéis.
No final o Papa procedeu á bênção das primeiras pedras do centro internacional da
família, do parque memorial João Paulo II e da University of Pope Benedict XVI
Sendo esta celebração eucarística em Nazaré a conclusão do "Ano da Família" promovido
pela Igreja Católica da Terra Santa, Bento XVI referiu-se a este evento logo no início
da homilia, referindo um gesto que o projecta para o futuro:
“Como sinal de
esperança para o futuro, procederei à bênção da primeira pedra de um Centro Internacional
para a Família, a ser construído em Nazaré. Rezemos para que o Centro possa promover
uma sólida vida familiar nesta região, oferecer apoio e assistência às famílias de
todas as partes e encorajá-las na sua insubstituível missão na sociedade”.
A
homilia da Missa centrou-se precisamente no tema da família. “Como disse o Papa Paulo
VI – afirmou Bento XVI - todos nós precisamos de regressar a Nazaré, para sempre de
novo contemplar o silêncio e o amor da Sagrada Família, modelo da vida familiar cristã”.
Sublinhada, neste contexto, “a sacralidade da família”, que, segundo o plano de Deus,
assenta na fidelidade, ao longo de toda a vida, de marido e esposa, unidos em aliança
matrimonial, acolhendo como dom de Deus novas vidas.
“Como os homens e mulheres
do nosso tempo têm necessidade de reencontrar e fazer sua esta verdade fundamental,
que está na base da sociedade! E como é importante o testemunho de casais para a formação
de consciências sãs e a construção de uma civilização do amor”.
O Papa recordou
também “o dever do Estado de apoiar as famílias na sua missão educativa, proteger
a instituição familiar e os direitos inerentes e assegurar que todas as famílias possam
viver e desenvolver-se em condições de dignidade”.
Bento XVI convidou a dirigir
o olhar para Maria, “a cheia de graça”, mãe da Sagrada Família e nossa Mãe”. Ocasião
de sublinhar, como fizera já em Amã, a especial vocação e missão por Deus atribuída
às mulheres:
“Nazaré recorda-nos a necessidade de reconhecer e respeitar a
dignidade e papel que Deus deu à mulher, assim como os seus talentos e carismas particulares.
Tanto como mães, na família, como presença vital no mundo do trabalho e nas instituições
da sociedade, ou ainda na especial vocação de seguir o Senhor com os conselhos evangélicos
de castidade, pobreza e obediência – as mulheres têm uma função indispensável para
criar aquela “ecologia humana”, de que o nosso mundo e esta terra tão urgentemente
carecem: um ambiente onde as crianças aprendam a amar-se e a estimar-se mutuamente,
a ser honestos e respeitadores, a praticar as virtudes da misericórdia e do perdão”.
Quase a concluir a sua homilia, Bento XVI não quis deixar de evocar as tensões
que não há muito contrapuseram em Nazaré cristãos e muçulmanos:
“Nazaré experimentou
em anos recentes tensões que feriram as comunidades as comunidades muçulmana e cristã.
Insto as pessoas de boa vontade de ambas as comunidades a reparar o mal cometido e,
fiéis à sua crença comum em Deus, Pai da família humana, actuar para construir pontes
e para encontrar vias para uma coexistência pacífica. Que todos ponham de lado o poder
destrutivo do ódio e dos preconceitos, que ainda antes de matar o corpo mata a alma”.