2009-05-14 15:17:31

NOBEL DA PAZ EM MIANMAR PODE SER CONDENADA A ATÉ 5 ANOS DE RECLUSÃO


Yangún, 14 mai (RV) - A líder oposicionista e vencedora do prêmio Nobel da Paz-1991, Aung San Suu Kyi, de 63 anos, pode ser condenada a até cinco anos de reclusão, apenas por ter recebido a visita de um norte-americano, por dois dias, em sua residência, onde ela cumpre prisão domiciliar.

No início do mês, John William Yettaw, de 53 anos, chegou à casa de Aung San Suu Kyi, que fica à beira de um lago, na capital de Mianmar, Yangún, a nado. O norte-americano passou dois dias na casa da líder e depois foi embora, sempre a nado. Ao chegar ao hotel em que estava hospedado, foi preso. O motivo da visita é desconhecido.

Segundo investigações das autoridades, essa foi a segunda vez que Yettaw − descrito como estudante de psicologia e morador no estado de Missouri, EUA − tenta chegar até a casa da prêmio Nobel da Paz. A primeira tentativa, sem sucesso, ocorreu no ano passado.

As autoridades proíbem que estrangeiros durmam na casa dos cidadãos de Mianmar e obrigam a notificação sobre visitas noturnas, de qualquer pessoa que não seja parente.

A incidente ocorreu duas semanas antes do fim da pena imposta a ela em 2003, pela luta não-violenta em favor da democracia. No passado, a Junta Militar que governa o país − e que considera Aung San Suu Kyi como a maior ameaça à ditadura − já havia encontrado motivos para prorrogar sua prisão domiciliar, o que, segundo especialistas internacionais, é ilegal mesmo no contexto das leis do país.

Segundo ativistas que apóiam Aung San Suu Kyi, o novo julgamento é um truque dos militares para evitar um confronto eleitoral no próximo pleito, previsto para 2010. O partido da Nobel da Paz − Liga Nacional para a Democracia − que conseguiu a vitória apenas nas eleições de 1990 (resultado rejeitado pelos militares) condenou fortemente o novo julgamento.

Aung San Suu Kyi passou 13 dos últimos 19 anos, presa. A maior parte desse tempo, incomunicável, com as linhas dos telefones cortadas, sem correspondência e com visitas restritas. Segundo a lei do país, a visita do norte-americano pode ser vista como "uma grave violação das restrições impostas". Há ainda outras informações de que a líder poderá ser condenada também por ter violado as leis de imigração.

De acordo com seus advogados, Aung San Suu Kyi tem enfrentado diversos problemas de saúde, como desidratação e pressão baixa. As Nações Unidas condenam sua prisão prolongada, e afirmam que sua detenção é ilegal, uma vez que a Justiça do país não permite a prisão por cinco anos consecutivos antes do fim da pena anterior. (AF)







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