2009-05-13 11:46:02

“Aqui em Belém requer-se aos discípulos de Cristo uma perseverança especial, para continuar a crer na boa nova da paz que os céus anunciaram. Bento XVI na homilia da Missa em Belém


(13/5/2009) Bento XVI chegou hoje a Belém. Depois da cerimonia de boas vindas com o presidente Mahmoud Abbas transferiu-se para a Praça da Manjedoura para celebrar a Santa Missa.
Saudando o pontífice, o patriarca latino de Jerusalém, D. Fouad Twal, afirmou que até quando houver instabilidade política e o muro que separa Belém de Jerusalém e do resto mundo continuar de pé, esta terra não terá paz.
“A guerra em Gaza é ainda uma ferida aberta para centenas de milhares de pessoas, assim como a ocupação e a falta de esperança num futuro melhor. As nossas feridas precisam de ser curadas, os prisioneiros libertados; os nossos corações purificados do ódio, porque este povo, que continua a sofrer com a injustiça, precisa de viver em paz e segurança” – afirmou.
Nas saudações iniciais aos vários grupos de líderes e fiéis presentes, Bento XVI reservou palavras de especial afecto e conforto aos católicos palestinianos vindos de Gaza:

“O meu coração dirige-se de modo especial aos peregrinos provenientes de Gaza, dilacerada pela guerra: peço-vos que leveis aos às vossas famílias e comunidades o meu caloroso abraço, as minhas condolências pelas perdas, adversidades e sofrimentos que tivestes que suportar. Contai com a minha solidariedade convosco, na imensa obra de reconstrução que se vos apresenta agora, e com as minhas orações para que cesse sem mais tardar o embargo”.

Tema central desta homilia foi o anúncio dos anjos aos pastores de Belém: “Não tenhais medo! Trago-vos boas notícias de grande alegria… Nasceu hoje, para vós, na cidade de David um Salvador!” “No plano de Deus (observou Bento XVI), Belém, a mais pequena das terras da Judeia, tornou-se um lugar de glória imortal: o lugar onde, na plenitude dos tempos, Deus escolheu tornar-se homem para pôr termo ao longo reino de pecado e de morte, e para levar vida nova e abundante ao mundo que se tinha tornado velho e cansado, oprimido pelo desespero”.

“Aqui em Belém, no meio de toda a espécie de contradições, as pedras continuam a gritar pela Boa Nova, pela mensagem da redenção que esta cidade, mais do que todas as outras, está chamada a proclamar ao mundo.”
“E é isto o que a mensagem de Belém exige de nós: testemunhar o triunfo do amor de Deus sobre o ódio, o egoísmo, o medo e o rancor que - paralisam as relações humanas, - criam divisão entre irmãos que deveriam viver juntos na unidade, - provocam destruições onde os homens deveriam edificar e desespero onde deveria florescer a esperança”.

O Papa evocou “as virtudes que se requerem dos homens e mulheres que vivem a esperança”:

“Antes de mais, - a constante conversão a Cristo que se reflecte não só nas nossas acções, mas também na nossa maneira de reflectir; -a coragem de abandonar modos de pensar, agir e reagir infrutíferos e estéreis; - cultivar uma atitude mental de paz, assente na justiça, no respeito pelos direitos e deveres de todos e no empenho em cooperar para o bem comum; - finalmente, a perseverança, perseverar no bem e na rejeição do mal.”

“Aqui em Belém (sublinhou o Papa), requer-se aos discípulos de Cristo uma perseverança especial, para continuar a crer na boa nova da paz que os céus anunciaram.

Não tenhais medo! É esta a mensagem que o Sucessor de são Pedro deseja deixar-vos hoje, em eco à mensagem dos anjos. Foi esta a missão que o nosso bem amado Papa João Paulo II vos deixou quando aqui veio no Grande Jubileu do nascimento de Cristo.
Contai com as orações e com a solidariedade dos vossos irmãos e irmãs da Igreja universal, e actuai, com iniciativas concretas, para consolidar a vossa presença e para oferecer novas possibilidades aos que se sentem tentados a emigrar. Sede uma ponte de diálogo e de cooperação construtiva na edificação de uma cultura de paz que substitua o actual impasse de medo, agressão e frustração”.

E o Papa concluiu a sua homilia exortando os habitantes de Belém – e, em geral, os palestinianos – a empenharem-se concretamente na edificação da sua pátria:

“A vossa pátria não precisa só de novas estruturas comunitárias e económicas. É ainda mais importante o que poderíamos chamar uma nova estrutura espiritual, capaz de galvanizar as energias de todos os homens e mulheres de boa vontade no serviço da educação, do desenvolvimento e da promoção do bem comum. Tendes recursos humanos para construir a cultura da paz e do respeito mútuo, que garantirá um futuro melhor aos vossos filhos. Aguarda-vos esta nobre empresa. Não tenhais medo!”








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