Belém, 13 mai (RV) - Após a cerimônia de boas-vindas no Palácio Presidencial
de Belém, a comitiva papal se dirigiu para a Praça da Manjedoura, a cerca de 2 km,
onde Bento XVI celebrou uma missa. A Praça da Manjedoura é o ‘coração’ comercial da
cidade, além de centro da atividade religiosa em Belém: é circundada pela Basílica
da Natividade, pela Igreja de Santa Catarina, a Mesquita de Omar e o Centro Palestino
pela Paz.
Saudando o pontífice, o patriarca latino de Jerusalém, Dom Fouad
Twal, afirmou que até quando houver instabilidade política e o muro que separa Belém
de Jerusalém e do resto mundo continuar de pé, esta terra não terá paz.
“A
guerra em Gaza é ainda uma ferida aberta para centenas de milhares de pessoas, assim
como a ocupação e a falta de esperança num futuro melhor. Nossas feridas precisam
ser curadas, os prisioneiros libertados; nossos corações purificados do ódio, porque
este povo, que continua a sofrer com a injustiça, precisa viver em paz e segurança”
– completou.
Em sua homilia, o papa expressou seu pesar pelos sofrimentos
das famílias e comunidades que perderam componentes no conflito e enfrentam adversidades
cotidianas. O papa saudou de modo especial os 50 peregrinos provenientes de Gaza,
que receberam a autorização do governo israelense para participar da cerimônia, assegurando
a todos a sua solidariedade com a obra de reconstrução e orações para que o embargo
seja em breve levantado.
Belém, local onde Deus escolheu tornar-se homem,
é associada por todos à feliz mensagem do nascimento, da renovação, da luz e da liberdade.
Mas “enquanto as pedras desta cidade continuam a anunciar a ‘Boa Nova’, este Reino
de paz, segurança, justiça e liberdade, é uma promessa hoje ainda longe de ser realizada”
- disse.
“Cristo trouxe um Reino de amor divino, um Reino que é capaz de mudar
este mundo, pois tem o poder de transformar os corações, iluminar as mentes e reforçar
as intenções. Ele nos chamou a sermos testemunhas de sua vitória sobre o pecado e
a morte; e é isto que devemos ser: testemunhas do triunfo do amor sobre o ódio, o
egoísmo, o medo e o rancor que paralisam as relações humanas e criam divisões entre
os irmãos que deveriam viver juntos, destruição no lugar de construção, desespero
onde deveria haver esperança!”.
O papa recordou que a conversão a Cristo se
reflete em nossas ações e em nosso modo de pensar, na coragem de abandonar linhas
de ação e de reação infrutuosas e estéreis. Viver na esperança gera pensamentos pacifistas,
uma cultura de justiça, de respeito de direitos e deveres; o compromisso com o bem-comum;
nos faz perseverar no bem e rejeitar o mal.
Assim como o fez João Paulo II,
em 2000, Bento XVI também assegurou a colaboração da Igreja universal e encorajou
os cristãos a reforçarem sua presença, oferecendo alternativas àqueles tentados em
imigrar.
“Sejam uma ponte de diálogo e colaboração construtiva na edificação
de uma cultura de paz que supere o atual estado de medo, de agressão e de frustração.
Construam suas Igrejas locais a partir de laboratórios de diálogo, tolerância, esperança,
solidariedade e caridade concreta”.
Na conclusão, Bento XVI reafirmou que
a vida doada por Cristo ressuscitado pode iluminar e transformar até as situações
humanas mais sombrias e desesperadoras. “Sua terra precisa de novas estruturas econômicas,
mas principalmente – frisou – de uma nova estrutura ‘espiritual’, que estimule homens
e mulheres ao serviço de educação, desenvolvimento e promoção do bem-comum”. (CM)