2009-05-12 12:41:46

NO CENÁCULO, PAPA RECORDA O CONCÍLIO VATICANO II


Jerusalém, 12 mai (RV) – No âmbito de sua peregrinação à Terra Santa, o papa visitou, na manhã desta terça-feira, o Cenáculo. A estrutura de dois andares se insere num grande conjunto de construções no alto do Monte Sion. É a primeira sede da Igreja nascente, o local da instituição do sacerdócio ordenado e dos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação. A palavra latina "Coenaculum" indica o local da ceia, mas antigamente, significava simplesmente "o andar superior, a parte comum de uma casa".

Nesse sugestivo ambiente, o papa rezou a oração mariana do Regina Coeli, junto com os frades da Custódia da Terra Santa, instituição fundada em 1217, e encarregada da manutenção e guarda dos Lugares Sagrados da Terra Santa. O atual custódio é Fr. Pierbattista Pizzaballa que reside no convento do Santíssimo Salvador e, assistido por conselheiros de vários grupos linguísticos, tem jurisdição sobre todos os conventos franciscanos da região.

Após a execução do hino "Veni creator" e a saudação de Fr. Pizzaballa, o papa fez um breve discurso, nesse local "onde Deus abriu seu coração aos discípulos por Ele escolhidos e celebrou o Mistério Pascal; e onde, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo inspirou os primeiros discípulos a pregarem a Boa Nova".

"Vocês são como velas acesas que iluminam os Lugares Santos do Cristianismo, que foram honrados pela presença de Jesus, nosso Deus que vive" – disse o papa.

Bento XVI recordou que Deus nos amou antes de tudo e continua a nos amar ainda hoje, com amor divino que recebemos da Eucaristia. Esse amor, que é graça e verdade, nos solicita como homens e como comunidade, a superarmos tentações como o egoísmo, a indolência, o isolamento, o preconceito e o medo, e a nos doarmos generosamente ao Senhor e ao próximo.

Nesse ponto do discurso, o papa abordou o tema da comunhão entre as Igrejas, sublinhando que a sua diversidade na Terra Santa representa um patrimônio espiritual e é sinal das múltiplas formas de interação entre o Evangelho e as várias culturas.

"Um novo impulso espiritual rumo à comunhão na diversidade, na Igreja Católica, e uma nova consciência ecumênica marcaram o nosso tempo, especialmente depois do Concílio Vaticano II. O Espírito conduz nossos corações à humildade e à paz, rumo à aceitação recíproca, à compreensão e à cooperação" – disse o Santo Padre.

Reiterando a importância da presença cristã na Terra Santa e nas regiões vizinhas, o pontífice ressaltou que as palavras de Jesus sobre o amor, a misericórdia, a compaixão, a paz e o perdão são capazes de transformar os corações e plasmar as ações. Apesar das dificuldades e restrições, os cristãos do Oriente Médio estão contribuindo para a promoção e a consolidação do clima de paz, na diversidade.

Assim, o papa reafirmou sua solidariedade a quem vive cotidianamente num clima de insegurança, sofrimento e medo. Aos bispos, garantiu seu amparo e encorajamento, a fim de que os cristãos permaneçam naquela Terra e sejam mensageiros e promotores de paz. Bento XVI manifestou apreço por seus esforços e reconheceu que a instrução, a preparação profissional e outras iniciativas sociais e econômicas podem melhorar a situação das comunidades cristãs. Nesse contexto, elogiou o serviço acolhedor e generoso oferecido pelos Frades da Custódia aos peregrinos, "que aqui se inspiram e se renovam na fé".

Concluído o discurso, o papa rezou a oração mariana do Regina Coeli, confiando a Maria, Rainha dos Céus, o bem-estar e a renovação espiritual de todos os cristãos na Terra Santa, para que, na esperança e na caridade, cresçam na fé e perseverem em sua missão de promotores de comunhão e de paz. Após a prece, Bento XVI concedeu sua bênção apostólica.

Em seguida, o pontífice se dirigiu à Catedral latina de Jerusalém, onde cerca de 300 pessoas o aguardavam. Ali, houve um breve momento de veneração do Santíssimo, e o Patriarca Fouad Twal proferiu seu discurso de saudação.

Bento XVI agradeceu as palavras do patriarca e se disse muito feliz por estar na catedral onde, desde os primeiros dias da Igreja, a comunidade cristã se reúne. "De Jerusalém – disse – o Evangelho se difundiu por toda a terra... até os confins do mundo. Em todos os tempos, os esforços dos missionários foram sustentados pelas orações dos fiéis, reunidos ao redor do altar do Senhor, para invocar a força do Espírito Santo sobre a obra de pregação."

Antes de concluir essa visita, o pontífice manifestou seu apreço pela vida contemplativa, dirigindo-se a um grupo de religiosas contemplativas presente na catedral, ressaltando sua vocação "de ser o amor profundo no coração da Igreja". O Santo Padre dirigiu palavras de apreço e gratidão às religiosas, por sua generosa dedicação e abnegação, pedindo que "rezem pela paz de Jerusalém; que rezem continuamente pelo fim do conflito que já provocou tantos sofrimentos aos povos desta região". (CM)







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