Jerusalém, 12 mai (RV) – No âmbito de sua peregrinação à Terra Santa, o papa
visitou, na manhã desta terça-feira, o Cenáculo. A estrutura de dois andares se insere
num grande conjunto de construções no alto do Monte Sion. É a primeira sede da Igreja
nascente, o local da instituição do sacerdócio ordenado e dos sacramentos da Eucaristia
e da Reconciliação. A palavra latina "Coenaculum" indica o local da ceia, mas
antigamente, significava simplesmente "o andar superior, a parte comum de uma casa".
Nesse sugestivo ambiente, o papa rezou a oração mariana do Regina Coeli,
junto com os frades da Custódia da Terra Santa, instituição fundada em 1217, e encarregada
da manutenção e guarda dos Lugares Sagrados da Terra Santa. O atual custódio é Fr.
Pierbattista Pizzaballa que reside no convento do Santíssimo Salvador e, assistido
por conselheiros de vários grupos linguísticos, tem jurisdição sobre todos os conventos
franciscanos da região.
Após a execução do hino "Veni creator" e a saudação
de Fr. Pizzaballa, o papa fez um breve discurso, nesse local "onde Deus abriu seu
coração aos discípulos por Ele escolhidos e celebrou o Mistério Pascal; e onde, no
dia de Pentecostes, o Espírito Santo inspirou os primeiros discípulos a pregarem a
Boa Nova".
"Vocês são como velas acesas que iluminam os Lugares Santos do
Cristianismo, que foram honrados pela presença de Jesus, nosso Deus que vive" – disse
o papa.
Bento XVI recordou que Deus nos amou antes de tudo e continua a nos
amar ainda hoje, com amor divino que recebemos da Eucaristia. Esse amor, que é graça
e verdade, nos solicita como homens e como comunidade, a superarmos tentações como
o egoísmo, a indolência, o isolamento, o preconceito e o medo, e a nos doarmos generosamente
ao Senhor e ao próximo.
Nesse ponto do discurso, o papa abordou o tema da
comunhão entre as Igrejas, sublinhando que a sua diversidade na Terra Santa representa
um patrimônio espiritual e é sinal das múltiplas formas de interação entre o Evangelho
e as várias culturas.
"Um novo impulso espiritual rumo à comunhão na diversidade,
na Igreja Católica, e uma nova consciência ecumênica marcaram o nosso tempo, especialmente
depois do Concílio Vaticano II. O Espírito conduz nossos corações à humildade e à
paz, rumo à aceitação recíproca, à compreensão e à cooperação" – disse o Santo Padre.
Reiterando a importância da presença cristã na Terra Santa e nas regiões vizinhas,
o pontífice ressaltou que as palavras de Jesus sobre o amor, a misericórdia, a compaixão,
a paz e o perdão são capazes de transformar os corações e plasmar as ações. Apesar
das dificuldades e restrições, os cristãos do Oriente Médio estão contribuindo para
a promoção e a consolidação do clima de paz, na diversidade.
Assim, o papa
reafirmou sua solidariedade a quem vive cotidianamente num clima de insegurança, sofrimento
e medo. Aos bispos, garantiu seu amparo e encorajamento, a fim de que os cristãos
permaneçam naquela Terra e sejam mensageiros e promotores de paz. Bento XVI manifestou
apreço por seus esforços e reconheceu que a instrução, a preparação profissional e
outras iniciativas sociais e econômicas podem melhorar a situação das comunidades
cristãs. Nesse contexto, elogiou o serviço acolhedor e generoso oferecido pelos Frades
da Custódia aos peregrinos, "que aqui se inspiram e se renovam na fé".
Concluído
o discurso, o papa rezou a oração mariana do Regina Coeli, confiando a Maria,
Rainha dos Céus, o bem-estar e a renovação espiritual de todos os cristãos na Terra
Santa, para que, na esperança e na caridade, cresçam na fé e perseverem em sua missão
de promotores de comunhão e de paz. Após a prece, Bento XVI concedeu sua bênção apostólica.
Em
seguida, o pontífice se dirigiu à Catedral latina de Jerusalém, onde cerca de 300
pessoas o aguardavam. Ali, houve um breve momento de veneração do Santíssimo, e o
Patriarca Fouad Twal proferiu seu discurso de saudação.
Bento XVI agradeceu
as palavras do patriarca e se disse muito feliz por estar na catedral onde, desde
os primeiros dias da Igreja, a comunidade cristã se reúne. "De Jerusalém – disse –
o Evangelho se difundiu por toda a terra... até os confins do mundo. Em todos os tempos,
os esforços dos missionários foram sustentados pelas orações dos fiéis, reunidos ao
redor do altar do Senhor, para invocar a força do Espírito Santo sobre a obra de pregação."
Antes de concluir essa visita, o pontífice manifestou seu apreço pela vida contemplativa,
dirigindo-se a um grupo de religiosas contemplativas presente na catedral, ressaltando
sua vocação "de ser o amor profundo no coração da Igreja". O Santo Padre dirigiu palavras
de apreço e gratidão às religiosas, por sua generosa dedicação e abnegação, pedindo
que "rezem pela paz de Jerusalém; que rezem continuamente pelo fim do conflito que
já provocou tantos sofrimentos aos povos desta região". (CM)