PAPA A JORNALISTAS NO VÔO PARA AMÃ: A IGREJA É UMA FORÇA ESPIRITUAL A SERVIÇO DA PAZ
Cidade do Vaticano, 09 mai (RV) - Paz no Oriente Médio, diálogo inter-religioso,
presença dos cristãos na Terra Santa: foram esses alguns dos temas abordados por Bento
XVI, durante a coletiva concedida à imprensa, a bordo do avião que o levou a Amã,
capital da Jordânia, nesta sexta-feira.
O Santo Padre indicou aos jornalistas
as três dimensões mediante as quais a Igreja pode dar sua contribuição para o difícil
processo de paz no Oriente Médio. Em primeiro lugar, a oração: uma força através da
qual Deus pode agir na história. O pontífice ressaltou que "milhões de fiéis em oração
são uma contribuição para o processo de paz".
"A Igreja é também chamada a
formar as consciências, a ajudá-las a perceber a verdade, e a libertá-las dos interesses
particulares que se contrapõem à paz. A Igreja, que não é uma força política, fala
à razão e, à luz da fé, apóia as posições realmente racionais" – ponderou o papa.
"Certamente,
procuro contribuir para a paz não como indivíduo, mas em nome da Igreja Católica.
Nós não somos um poder político, mas uma força espiritual, e essa força espiritual
é uma realidade que pode contribuir para o progresso no processo de paz."
Judeus
e cristãos têm a mesma raiz – ressaltou o Santo Padre aos jornalistas – mas dois mil
anos de história distinta levaram, inevitavelmente, a equívocos: foram formadas tradições
diferentes de pensamento e cosmos semânticos diferentes, tanto que a mesma palavra
nas duas culturas tem hoje significados diferentes.
"Devemos fazer de tudo
para que cada um aprenda a linguagem do outro. Hoje, temos a possibilidade que os
jovens, os futuros professores de teologia, possam estudar em Jerusalém, na Universidade
judaica, e os judeus têm contatos acadêmicos conosco."
O pontífice explicou
ainda, que está prevista, nesta peregrinação à Terra Santa, uma mensagem comum dirigida
às três religiões que evocam o Patriarca Abraão, ressaltando a importância do diálogo
trilateral entre cristãos, muçulmanos e judeus.
"O diálogo trilateral deve
seguir adiante, é importantíssimo para a paz e também – digamos – para viver bem a
própria religião."
Por fim, o Santo Padre dirigiu seu pensamento aos cristãos
no Oriente Médio, encorajando-os a não deixarem a Terra Santa, lugar de origem do
Cristianismo. Porque os cristãos "são um componente importante da vida dessas regiões".
"Espero, realmente, que os cristãos possam encontrar a coragem, a humildade e a paciência
de permanecer nesses países, de oferecer sua contribuição para o futuro desses países."
Bento
XVI constatou que a presença cristã é de grande importância também porque oferece
assistência humanitária, hospitais e formação à população. A esse propósito, o pontífice
citou a futura Universidade Católica na Jordânia: lugar em que jovens árabes e cristãos
poderão encontrar-se, e centro de formação para a promoção da paz. (RL)