Espero que esta visita, e todas as iniciativas que visam melhorar as relações entre
Cristãos e Muçulmanos possam ajudar a crescer no amor a Deus omnipotente e misericordioso,
assim como no amor fraterno entre uns e outros: Bento XVI á sua chegada a Amã
(8/5/2009) Com a chegada a Amã Bento XVI iniciou esta Sexta-feira, a sua primeira
visita à Terra Santa, num percurso que inclui, até ao dia 15, para além da Jordânia,
Israel e os Territórios Palestinianos. Os oito dias de viagem são, na generalidade,
marcados por uma agenda invulgarmente preenchida. O Papa proferirá quase 30 discursos,
saudações e homilias, ao longo dos vários encontros com fiéis, líderes religiosos
e autoridades políticas da região. Referindo-se a esta sua deslocação á Terra
Santa Bento XVI insistiu sempre na ideia de que viaja como “peregrino”, com o objectivo
de confirmar os cristãos na fé, para falar de paz numa terra devastada há longas décadas
por conflitos e continuar no caminho do ecumenismo e do diálogo entre as três grandes
religiões monoteístas. Um conceito salientado já no discurso proferido no inicio da
tarde no aeroporto internacional da capital da Jordânia Bento XVI começou por
exprimir a sua satisfação por iniciar esta sua viagem à Terra Santa precisamente no
Reino da Jordânia, “uma terra – disse – rica de história, pátria de civilizações antigas,
e profundamente imbuída de significado religioso para Judeus, Cristãos e Muçulmanos”.
“Venho
à Jordânia como peregrino, para venerar os lugares santos que desempenharam um papel
tão importante nos acontecimentos fundamentais da história bíblica”.
Bento
XVI mencionou o Monte Nebo, até onde Moisés conduziu o seu povo e onde morreu e foi
sepultado, e Betânia para além do Jordão, onde João Baptista pregou um baptismo de
penitência e baptizou Jesus. O Papa congratulou-se com a oportunidade de que goza
a comunidade católica da Jordânia de construir lugares públicos para o culto. Um sinal
– disse – do respeito pela religião que reina no país, que constitui uma apreciável
“abertura”. Ora, sublinhou o Papa, “a liberdade religiosa constitui um direito humano
fundamental”.
“É minha férvida esperança e oração que, não só no Médio Oriente
mas também em todas as partes do mundo, cada vez mais se afirmem e defendam o respeito
pelos direitos inalienáveis e a dignidade de cada homem e mulher”.
Referindo
que a visita à Jordânia lhe oferece a oportunidade para exprimir o seu “profundo respeito
pela comunidade muçulmana”, o Papa prestou homenagem à acção desenvolvida pelo monarca
jordano a favor da “promoção de um melhor entendimento das virtudes proclamadas pelo
Islão”. Neste contexto, Bento XVI mencionou mesmo a chamada “Mensagem de Amman” e
a “Mensagem inter-religiosa de Amman”, “preciosas iniciativas que tanto têm contribuído
para favorecer uma aliança de civilizações entre o Ocidente e o mundo muçulmano, desmentindo
as predições dos que consideram inevitáveis a violência e o conflito.
“O
Reino da Jordânia encontra-se desde há muito na primeira linha das iniciativas que
visam promover a paz no Médio Oriente e no mundo, encorajando o diálogo inter-religioso,
apoiando os esforços para encontrar uma solução justa para o conflito israelo-palestiniano,
acolhendo os refugiados do vizinho Iraque e procurando manter sob controlo o extremismo”.
Aludindo aos “esforços de pioneiro” a seu tempo desenvolvidos pelo anterior
monarca, o rei Hussein, o Papa fez votos de “que este empenho para a resolução dos
conflitos existentes na região possa prosseguir e dar frutos de paz duradoura e de
verdadeira justiça para todos os que vivem no Médio Oriente”.
“Espero vivamente
que esta visita, e naturalmente todas as iniciativas que visam melhorar as relações
entre Cristãos e Muçulmanos possam ajudar a crescer no amor a Deus omnipotente e misericordioso,
assim como no amor fraterno entre uns e outros. Obrigado pelas vossas boas-vindas!”
O
rei Abdallah, dando as boas vindas ao Papa, relembrou a visita, há nove anos atrás,
de João Paulo II, onde “juntos afirmamos a coexistência pacífica entre cristãos e
muçulmanos”. Os consequentes acontecimentos mundiais “mostraram o quanto estávamos
certos”, afirmou, sublinhando a “rejeição de violência”. A presente visita de
Bento XVI deve servir para “renovar o nosso compromisso de diálogo”. “A herança
da humanidade liga-nos, a mútua crença em Deus, dá-nos uma base acrescida de entendimento”,
afirmou, recordando palavras do profeta Maomé que disse “que ninguém tem fé enquanto
não amar o seu irmão tal como se ama a si mesmo”. O rei Abdallah II firmou o compromisso
de “espalhar as boas relações entre cristãos e muçulmanos”.