Conferências episcopais da Europa preocupadas com o ensino religioso: asescolas
devem oferecer às crianças uma educação completa, que inclua o ensino religioso.
(8/5/2009) É um perigo limitar a educação às exigências do mercado de trabalho. Por
isso, as escolas devem oferecer às crianças e jovens uma educação completa, que inclua
o ensino religioso, defende o Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE).
O órgão, que reúne 33 países, está preocupado com o ensino religioso. O conselho reuniu
esta semana em Estrasburgo, com o Conselho da Europa, onde apresentou um estudo sobre
o ensino da religião. “Há algumas forças, uma certa campanha para apagar o religioso.
Uma campanha liderada por pessoas que se afirmam ateias e combatem a religião”, denuncia
Peter Stilwell, perito no CCEE e responsável pelo Diálogo Inter-religioso do Patriarcado
de Lisboa. O Pe. Peter Stilwell dá o exemplo de França, onde este ensino é marginalizado;
e de Espanha e Portugal, onde é alternativo. Só em Itália o catolicismo é considerado
património cultural. Mais de 200 participantes marcaram presença nesta discussão
sobre «Ensino da religião: um benefício para a Europa», por ocasião da apresentação
de um estudo sobre o ensino da religião na Europa, promovido pela CCEE e pela Conferência
Episcopal italiana – CEI. O encontro foi promovido pelo CCEE, pela CEI e pela representação
permanente da Santa Sé no Conselho da Europa. D. Aldo Giordano, observador permanente
da Santa Sé no Conselho da Europa sublinhou que a religião representa uma valência
social e política e é determinante para a convivência das pessoas, não podendo, por
isso, ser ignorada. “É uma valência cultural indispensável para a identidade e para
o encontro entre as culturas”. “A religião reflecte sobre a questão, sempre urgente,
do sentido da vida”. Para o secretário geral da CEI, D. Mariano Crociata, o ensino
da religião nas escolas contribuiu para a “construção da nova Europa e para o desenvolvimento
de uma plena cidadania europeia”. “Esta cidadania constrói-se graças à tradição
e à identidade que marcou o continente e que hoje, cada vez mais, se interliga com
outras, num contexto de uma Europa em constante mutação, perante o pluralismo cultural
e religioso”. Com vista à construção de uma casa europeia, a união dos povos,
afirmou o secretário geral da CEI, “não pode nascer unicamente das decisões dos governos
e das necessidades dos mercados, mas baseada nos valores e ideais comuns e da partilha
de objectivos”. O Cardeal Péter Erdő, Cardeal de Budapeste e Presidente da CCEE,
recordou a importância da educação religiosa, numa época em que muitos percebem a
marca de uma crise não apenas económica e de valores, mas sobretudo de sentido de
vida. A partir do estudo apresentado sobre o ensino da religião nas escolas públicas,
“ficou evidente que o ensino da religião é uma realidade, um direito e um serviço
solicitado por milhões de famílias”, indicou o Presidente da CCEE. Famílias a quem
deve ser explicado o papel de “primeiros educadores” e que devem ser livres para desempenhar
o seu papel segundo as suas convicções”. Através do ensino da religião a Igreja
presta um serviço ao homem, tendo em conta os aspectos da vida, individual e social,
internas e externas, emocional e político. Por isto, a Igreja considera ser “seu dever
continuar a educar os jovens, fazendo o possível para lhes dar instrução de alto nível
e de forma atractiva”. “Se a dimensão religiosa não se pode separar da unidade
que é a pessoa humana, também o ensino da religião deve estar presente na educação
da pessoa, ou seja, nas escolas, e nos areópagos da vida moderna”, considerou, pois
“o contributo da religião pode gerar uma sociedade mais humana, mais solidária e rica
de esperança”. Gabriella Battaini Dragoni, Directora geral do Departamento de
educação, cultura e património, juventude e desporto no Conselho da Europa centrou-se
na importância da educação como factor essencial para viver numa sociedade multicultural,
num princípio de laicidade “europeia” que, no Conselho da Europa é considerada a partir
de três princípios essenciais: direitos do homem, democracia pluralista e estado de
direito que garante a liberdade de consciência, a não discriminação e a autonomia
do Estado e da religião. Ján Figel’, membro da Comissão Europeia e responsável
pela educação, formação da juventude afirmou que o tema da educação é, em grande parte,
da competência dos Estados nacionais. “O mundo da educação na Europa parece um mosaico,
e por isso, uma pluralidade que deve ser respeitada e promovida, também para garantir
um futuro de esperança e não de cepticismo”. O responsável afirmou ainda que a
Comissão europeia está empenhada na promoção de uma educação “de qualidade, aberta
a todos e que favoreça a mobilidade”, em particular através de programas europeus
como o Erasmus, Socrates e Leonardo. A ideia de um estudo sobre o ensinamento
da religião na Europa, nasceu da vontade de perceber a situação europeia e na certeza
de que este ensino poderia ser “um ponto de referência importante para a formação
de uma cidadania plena e consciente, e também uma oportunidade valiosa para a Igreja
Católica na Europa, empenhada na educação integral da pessoa”. Vincenzo Annicchiarico,
Responsável do Serviço Nacional para o ensino da religião católica, pertencente à
CEI, serviço a quem foi pedido a coordenação deste estudo, referiu ser importante
“para o futuro, manter viva esta rede de pessoas nos 33 países para podermos continuar
a confrontar, perceber a evolução e saber em que direcção se deve seguir para melhorar
o serviço educativo dos jovens europeus”. (Com jornal Publico)