2009-05-08 18:30:43

Conferências episcopais da Europa preocupadas com o ensino religioso: as escolas devem oferecer às crianças uma educação completa, que inclua o ensino religioso.
 
 


(8/5/2009) É um perigo limitar a educação às exigências do mercado de trabalho. Por isso, as escolas devem oferecer às crianças e jovens uma educação completa, que inclua o ensino religioso, defende o Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE). O órgão, que reúne 33 países, está preocupado com o ensino religioso. O conselho reuniu esta semana em Estrasburgo, com o Conselho da Europa, onde apresentou um estudo sobre o ensino da religião.
“Há algumas forças, uma certa campanha para apagar o religioso. Uma campanha liderada por pessoas que se afirmam ateias e combatem a religião”, denuncia Peter Stilwell, perito no CCEE e responsável pelo Diálogo Inter-religioso do Patriarcado de Lisboa. O Pe. Peter Stilwell dá o exemplo de França, onde este ensino é marginalizado; e de Espanha e Portugal, onde é alternativo. Só em Itália o catolicismo é considerado património cultural.
Mais de 200 participantes marcaram presença nesta discussão sobre «Ensino da religião: um benefício para a Europa», por ocasião da apresentação de um estudo sobre o ensino da religião na Europa, promovido pela CCEE e pela Conferência Episcopal italiana – CEI. O encontro foi promovido pelo CCEE, pela CEI e pela representação permanente da Santa Sé no Conselho da Europa.
D. Aldo Giordano, observador permanente da Santa Sé no Conselho da Europa sublinhou que a religião representa uma valência social e política e é determinante para a convivência das pessoas, não podendo, por isso, ser ignorada. “É uma valência cultural indispensável para a identidade e para o encontro entre as culturas”. “A religião reflecte sobre a questão, sempre urgente, do sentido da vida”.
Para o secretário geral da CEI, D. Mariano Crociata, o ensino da religião nas escolas contribuiu para a “construção da nova Europa e para o desenvolvimento de uma plena cidadania europeia”.
“Esta cidadania constrói-se graças à tradição e à identidade que marcou o continente e que hoje, cada vez mais, se interliga com outras, num contexto de uma Europa em constante mutação, perante o pluralismo cultural e religioso”.
Com vista à construção de uma casa europeia, a união dos povos, afirmou o secretário geral da CEI, “não pode nascer unicamente das decisões dos governos e das necessidades dos mercados, mas baseada nos valores e ideais comuns e da partilha de objectivos”.
O Cardeal Péter Erdő, Cardeal de Budapeste e Presidente da CCEE, recordou a importância da educação religiosa, numa época em que muitos percebem a marca de uma crise não apenas económica e de valores, mas sobretudo de sentido de vida.
A partir do estudo apresentado sobre o ensino da religião nas escolas públicas, “ficou evidente que o ensino da religião é uma realidade, um direito e um serviço solicitado por milhões de famílias”, indicou o Presidente da CCEE. Famílias a quem deve ser explicado o papel de “primeiros educadores” e que devem ser livres para desempenhar o seu papel segundo as suas convicções”.
Através do ensino da religião a Igreja presta um serviço ao homem, tendo em conta os aspectos da vida, individual e social, internas e externas, emocional e político. Por isto, a Igreja considera ser “seu dever continuar a educar os jovens, fazendo o possível para lhes dar instrução de alto nível e de forma atractiva”.
“Se a dimensão religiosa não se pode separar da unidade que é a pessoa humana, também o ensino da religião deve estar presente na educação da pessoa, ou seja, nas escolas, e nos areópagos da vida moderna”, considerou, pois “o contributo da religião pode gerar uma sociedade mais humana, mais solidária e rica de esperança”.
Gabriella Battaini Dragoni, Directora geral do Departamento de educação, cultura e património, juventude e desporto no Conselho da Europa centrou-se na importância da educação como factor essencial para viver numa sociedade multicultural, num princípio de laicidade “europeia” que, no Conselho da Europa é considerada a partir de três princípios essenciais: direitos do homem, democracia pluralista e estado de direito que garante a liberdade de consciência, a não discriminação e a autonomia do Estado e da religião.
Ján Figel’, membro da Comissão Europeia e responsável pela educação, formação da juventude afirmou que o tema da educação é, em grande parte, da competência dos Estados nacionais. “O mundo da educação na Europa parece um mosaico, e por isso, uma pluralidade que deve ser respeitada e promovida, também para garantir um futuro de esperança e não de cepticismo”.
O responsável afirmou ainda que a Comissão europeia está empenhada na promoção de uma educação “de qualidade, aberta a todos e que favoreça a mobilidade”, em particular através de programas europeus como o Erasmus, Socrates e Leonardo.
A ideia de um estudo sobre o ensinamento da religião na Europa, nasceu da vontade de perceber a situação europeia e na certeza de que este ensino poderia ser “um ponto de referência importante para a formação de uma cidadania plena e consciente, e também uma oportunidade valiosa para a Igreja Católica na Europa, empenhada na educação integral da pessoa”.
Vincenzo Annicchiarico, Responsável do Serviço Nacional para o ensino da religião católica, pertencente à CEI, serviço a quem foi pedido a coordenação deste estudo, referiu ser importante “para o futuro, manter viva esta rede de pessoas nos 33 países para podermos continuar a confrontar, perceber a evolução e saber em que direcção se deve seguir para melhorar o serviço educativo dos jovens europeus”.
(Com jornal Publico)








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