2009-05-06 17:42:55

Bento XVI peregrino de paz á Terra Santa para que as suas populações possam receber o dom da reconciliação, da esperança e da paz.


(6/5/2009) Bento XVI vai visitar a Terra Santa entre os dias 8 e 15 deste mês, com etapas em Aman ( Jordânia) Jerusalém, Belém e Nazaré. Depois de Paulo VI em 1964 e João Paulo II em 2000, será o terceiro Pontífice a deslocar-se em peregrinação aonde “Deus assumiu em Jesus de Nazaré as características próprias da natureza humana, incluindo a necessária pertença do homem a um determinado povo e uma determinada terra, como escrevia o Papa João Paulo II numa carta de 29 de Junho de 1999.
Aquela que inicia sexta feira dia 8 é sem dúvida a viagem mais esperada e talvez a de maior empenho do pontificado de Bento XVI, afirmava nos dias passados em editorial o Padre Federico Lombardi, director geral da Rádio Vaticano e director da Sala de Imprensa da Santa Sé. A confirmar esta impressão está o facto de nos últimos dias o Santo Padre ter pedido orações pelas populações da Terra Santa, a braços com a violência e a injustiça.
Sábado dia 2 de Maio a uma fundação de católicos dos Estados Unidos disse textualmente: “Vou como peregrino de paz. Como bem sabeis, desde há mais de sessenta anos que esta região – a terra do nascimento, morte e Ressurreição de nosso Senhor; lugar sagrado para as três grandes religiões monoteístas do mundo – tem sofrido com as pragas da violência e da injustiça. O que tem levado a uma atmosfera geral de desconfiança, incerteza e medo – contrapondo muitas vezes vizinho contra vizinho, irmão contra irmão.
Quando me preparo para esta significativa deslocação, peço-vos de modo especial que vos junteis a mim na oração por todas as populações da Terra Santa e da região. Que possam receber o dom da reconciliação, da esperança e da paz”.
Domingo antes da recitação do Regina Coeli, pediu de novo orações e explicou o motivo que o leva a peregrinar aos lugares santos da fé cristã.
“Com a minha visita proponho-me confirmar e encorajar os cristãos da Terra Santa, que devem enfrentar quotidianamente não poucas dificuldades. Como sucessor do apostolo Pedro, farei ouvir a proximidade e o apoio do inteiro corpo da Igreja. Além disso serei peregrino de paz, em nome do único Deus que é Pai de todos. Irei testemunhar o empenho da Igreja Católica em favor de todos aqueles que se esforçam no sentido de praticar o diálogo e a reconciliação, para chegar a uma paz estável e duradoira na justiça e no respeito recíproco . Finalmente, esta viagem não poderá deixar de ter uma notável importância ecuménica e inter-religiosa. Jerusalém é deste ponto de vista, a cidade símbolo por excelência: lá, Cristo morreu para trazer á unidade todos os filhos de Deus que andavam dispersos”.
Claras as motivações do Papa: uma peregrinação á terra de Jesus e da Igreja primitiva, e uma visita aos cristãos da Terra Santa procurando reforçá-los na fé, ajudando-os a viver de maneira integral e com alegria, na plenitude da fé e a encontrar as formas de inserir o cristianismo na cultura e no estilo de vida social do seu ambiente civil tão complexo e com diferentes sensibilidades: a judaica, a palestiniana e a árabe.
É provável que a parte judaica procure dar realce àquelas declarações do Papa que lhe serão favoráveis enquanto que a parte árabe espere dele uma intervenção que mude a situação politica, social e económica em que vivem os palestinianos. E o mesmo fará a comunicação social, tudo será visto através do filtro da politica, esquecendo as muitas outras facetas.
Não sei prever o futuro; não sendo adivinho mas jornalista habituado a acompanhar o Papa desde há 33 anos, posso contudo desde já prever que Bento XVI manifestará a sua proximidade a todas as pessoas que sofrem na Terra Santa e no Médio Oriente, com situações tensas e cheias de violência, de destruição e de ódio. Não fará “gestos políticos”, mas apresentará linhas gerais que ajudem no caminho para a paz, sublinhando a necessidade de que todas as partes em conflito dêem passos concretos.
Papa Ratzinger, não ama os gestos de forte impacto emotivo, prefere dar luz para superar as sombras da situação actual, muito complexa e desgastante, para criar uma sociedade livre e madura construída sobre bases sólidas.
O convite que dirijo a todos os que amam a Terra Santa e as suas populações, é que prestem atenção e sigam de perto os discursos e os gestos de Bento XVI nesta sua viagem de 8 a 15 de Maio que convidam á responsabilidade pessoal e comunitária no caminho para uma paz duradoira, á sensibilidade em relação á justiça, á verdade e á dignidade de cada pessoa humana ( judeus, árabes, refugiados), com uma atenção especial ás crianças e aos jovens que perderam os pais e os familiares.
Uma viagem que devemos acompanhar não apenas com as nossas orações diárias, mas também com aquela mobilização espiritual que João Paulo II chamava "a grande oração". Para que a Igreja se renove nas suas fontes, para que a união entre os cristãos possa tornar – se realidade e para que o ódio, finalmente, ceda o lugar à reconciliação.
António Pinheiro
 







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