Estudo europeu aponta o ensino de religião como importante para o crescimento global
de uma pessoa e um bom contributo para a formação de um cidadão.
(5/5/2009) O ensino de religião é “importante para o crescimento global de uma pessoa”
e constitui “um bom contributo para a formação de um cidadão”. Este é o tema subjacente
que na tarde desta Segunda-feira, o Conselho da Europa, em Estrasburgo reflectiu,
enquanto analisava um trabalho sobre o ensino de religião nas escolas europeias, conduzido
pelo Conselho das Conferências dos Bispos da Europa (CCEE), juntamente com a Conferência
Episcopal Italiana. O estudo, que decorreu entre Janeiro de 2005 e Novembro de
2007, envolveu as 33 Conferências episcopais Europeias e reuniu um total de 33 relatórios
sobre as situações nacionais. O estudo mostra que o ensino de religião nas escolas
é garantido em todos os países europeus. As excepções são a Bulgária, a Bielorússia
e uma grande parte do território francês (com excepção da Alsácia e Mosela). O trabalho
dá conta que a Bulgária tem poucos católicos e que é muito difícil organizar um curso
de Educação Religiosa, enquanto que na Bielorússia, a Igreja Ortodoxa e o Ministério
da Educação estão a considerar a possibilidade de introduzir um curso de educação
ortodoxa nas escolas. A Igreja Católica facultou um curso facultativo sobre religião.
O trabalho evidencia que noutros países europeus o ensino de religião segue duas
linhas orientadoras: uma educação religiosa baseada “nas ciências das religiões”,
orientadas pelo Estado, ou uma educação cujo “ensino de religião segue dentro de uma
contexto confessional”, onde as Igrejas têm um papel proactivo. O modelo de inspiração
a partir da ciência das religiões é característico dos países da Escandinávia (Noruega,
Suécia e Dinamarca). A existência de uma religião estado (neste caso Luterana) resulta
provavelmente da integração de uma cultura biblíca e teológica no currículo profundamente
marcado pela secularização, típica da cultura nestes países, indica o estudo. O
ensino da religião dentro de um contexto confessional é o modelo que prevalece na
Europa. Na Polónia, o ensino de religião é opcional e confessional, sendo frequentado
por cerca de 95,1 % dos estudantes. Na Bélgica, todos os alunos entre os 6 e os 18
anos, tem direito a um “curso filosófico”, cujo ensino é da responsabilidade de “cultos
reconhecidos” ou de “associações reconhecidas”. 64% dos alunos de escolas primárias
e 32% de alunos das escolas secundárias frequentam a disciplina de religião católica.
Em Itália, a disciplina de religião é frequentada por cerca de 91,6 % dos alunos (a
percentagem desce para 85% em escolas secundárias). O estudo aponta “ataques” contra
as disciplinas de religião desenvolvidos por “áreas radicais e secularistas” manifestando
o desejo de “superação”. A Alemanha procura uma “cooperação ecuménica” entre a
Igreja Católica e a Igreja Evangélica, estabelecida num acordo de 1998 que recomenda
uma “colaboração entre os professores, um número partilhado de horas de aulas em comum
e a partilha de serviços litúrgicos”. Na Roménia, o ensino da religião foi re-introduzido
em 1990 e é garantido a todos os níveis, a partir de aulas com o mínimo de 10 alunos.
Mas uma vez que os estudantes católicos são uma minoria nas escolas estatais, na sua
maioria falham o número mínimo e têm de optar pelo ensino de religião ortodoxa, a
opção alternativa existente, ou nenhuma formação religiosa. Em Inglaterra e país
de Gales o estudo aponta que “a opinião pública, em especial depois dos ataques terroristas
de 2005, está a aumentar a favor do ensino de religião como um factor social para
um entendimento mútuo”.