Carência alimentar já provocou a morte a mais de 100 pessoas em Moçambique
(3/5/2009) Falta de reservas alimentares em algumas zonas de Moçambique já provocou
a morte a mais de 100 pessoas. Mais de 450 mil estão em situação de carência, causada
pela seca prolongada e as cheias nos últimos dois anos. O balanço da situação moçambicana
foi apresentado pelo director nacional adjunto dos Serviços Agrários, Marcelo Chaquisse,
que assegurou que a "situação de carência alimentar já provocou 103 óbitos" de Março
do ano passado a Março deste ano. De acordo com o responsável moçambicano, citado
durante o 4º Conselho Consultivo do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e
Nutricional (SETSAN), a situação é mais crítica nas províncias de Tete e Zambézia,
centro do país, Nampula, norte e Gaza e Maputo, sul. Para tentar aliviar as famílias
da fome, o SETSAN está a trabalhar juntamente com o Instituto Nacional de Gestão de
Calamidades (INGC) para conceder assistência alimentar aos necessitados nas províncias
afectadas. A longo prazo, as autoridades da Agricultura pretendem atribuir um subsídio
às famílias carentes que, mesmo havendo disponibilidade de alimentos, não possuem
dinheiro para a sua aquisição. Este subsídio visa mitigar o impacto dos elevados
preços dos produtos alimentares. Em certos casos, os preços desses produtos subiram
150% desde Março de 2008. Maria Zimmermann, representante da Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) em Moçambique e na Suazilândia, disse
que só em África vivem 24 milhões de pessoas em situação de subnutrição, sendo a subida
dos preços dos bens alimentares uma das causas. Recorde-se que 54% da população
de Moçambique vive abaixo do limiar de pobreza; 63% das crianças dos meios rurais
vivem em pobreza extrema; e 34% das famílias não conseguem garantir uma alimentação
estável e enfrentam fome permanente.