IGREJA TEM 5 NOVOS SANTOS. ENTRE ELES, HERÓI NACIONAL PORTUGUÊS
Cidade do Vaticano, 26 abr (RV) - Bento XVI presidiu esta manhã, na Praça São
Pedro, à canonização de cinco novos santos: os italianos Arcangelo Tadini, Bernardo
Tolomei, Gertrudes Comensoli e Catarina Volpicelli, e o português Nuno de Santa Maria
Álvares Pereira.
O rito de canonização, em latim, realizou-se no início da
missa, após o ato penitencial. O Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Dom
Angelo Amato, acompanhado pelos postuladores das causas, pediu que os cinco bem-aventurados
sejam inscritos no “álbum dos Santos” e “possam ser invocados por todos os cristãos”.
Foi lida uma breve biografia de cada um dos novos santos e cantada a Ladainha
de todos os santos. Bento XVI proferiu então a fórmula de canonização, e as relíquias
dos novos santos foram depostas junto ao altar. Prosseguindo o rito, Dom Angelo Amato
pediu que fosse redigida a Carta Apostólica sobre as canonizações, e Bento XVI respondeu
“Decernimus”, isto è, “Ordenamo-lo”.
Como nas mais solenes celebrações presididas
pelo papa, o Evangelho foi cantado duas vezes, em latim e em grego.
Em sua
homilia, o papa ressaltou aspectos salientes de cada um dos novos cinco santos da
Igreja, citando alguns deles como exemplos éticos na atual e grave crise econômica
mundial. O papa comentou as leituras do dia e sublinhou a centralidade do mistério
pascal – e da Eucaristia – para os cinco novos santos.
A Praça estava repleta
de milhares de peregrinos, muitos deles vindos de Portugal para celebrar seu novo
santo, São Nuno, que foi um general da batalha de Atoleiros, herói da independência
portuguesa. Em 1422, ficou viúvo e sua única filha se casou com o filho do Rei João.
Ele entrou então para um convento carmelita, como um simples irmão, e assumiu o nome
de Frei Nuno de Santa Maria.
Ouça as palavras do pontífice em português:
“Sinto-me
feliz por apontar à Igreja inteira esta figura exemplar nomeadamente pela presença
duma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis à mesma, sendo
a prova de que em qualquer situação, mesmo de caráter militar e bélica, é possível
atuar e realizar os valores e princípios da vida cristã, sobretudo se esta é colocada
ao serviço do bem comum e da glória de Deus” - proclamou o pontífice.
Por sua
vez, Bernardo Tolomei, que viveu no século XIV, na Itália central, foi o “iniciador
de um singular movimento monástico beneditino. Nele – observou o Papa, sobressai o
amor pela oração e pelo trabalho manual. Sua vida foi uma existência eucarística toda
consagrada à contemplação, que se traduzia em humilde serviço ao próximo” – recordou
Bento XVI.
Milhares de devotos vieram também de Nápoles homenagear a sua bem-aventurada
Caterina Volpicelli, fundadora das Servas do Sagrado Coração, no século XIX. “Um modelo
do compromisso cristão para construir uma sociedade aberta à justiça e à solidariedade,
superando o desequilíbrio econômico e cultural que continua a existir em grande parte
de nosso planeta” – definiu o papa.
Em seguida, Bento XVI ressaltou o exemplo
do Padre Arcângelo Tadini, “homem integralmente de Deus, pronto a deixar-se guiar
pelo Espírito Santo, e que ao mesmo tempo, era disponível a colher as urgências da
época e encontrar os remédios a ela”. Por isso, tomou iniciativas concretas e corajosas:
organizou a Sociedade Operária Católica de Mutuo Socorro, e o pensionato para as trabalhadoras.
Em 1900, fundou a Congregação das Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazaré, que evangelizavam
o ambiente de trabalho dividindo as fadigas.
Concluindo a homilia, o papa se
referiu à italiana Gertrudes Comensóli, que “desde pequena sentiu uma particular atração
por Jesus presente na Eucaristia. A adoração de Cristo eucarístico tornou-se o objetivo
principal de sua vida; a condição habitual da sua existência: Diante da Eucaristia,
Santa Gertrudes compreendeu a sua vocação e missão na Igreja: dedicar-se sem reservas
à ação apostólica e missionária, especialmente a favor da juventude”.
Enfim,
o Papa agradeceu a Deus pelo dom da santidade que resplandece nos cinco novos canonizados:
“Deixemo-nos
atrair pelo seu exemplo, deixemo-nos guiar pelos seus ensinamentos, para que a nossa
existência também se torne um cântico de louvor a Deus, seguindo os passos de Jesus,
adorado com fé no mistério eucarístico e servido com generosidade em nosso próximo”.
Após
a cerimônia, o papa rezou com os fiéis a oração mariana Regina Coeli, dirigindo antes,
como o faz habitualmente, algumas palavras aos fiéis. Bento XVI expressou seu reconhecimento
ao Governo italiano, presente com várias delegações, e a todos os peregrinos vindos
de toda a Itália.
O papa lembrou o Dia da Universidade Católica do Sagrado
Coração, que se celebra hoje, quando decorrem 50 anos da morte de seu fundador, Padre
Agostino Gemelli. Em português, fez a sua saudação à delegação oficial, aos bispos
e a todos os compatriotas do novo santo, São Nuno:
“Deixou-nos assim uma
nobre lição de renúncia e partilha, sem as quais será impossível chegar àquela igualdade
fraterna característica duma sociedade moderna, que reconhece e trata a todos como
membros da mesma e única família humana. Em particular saúdo os Carmelitas, a quem
um dia se prendeu o olhar e o coração deste militar crente, vendo neles o hábito da
Santíssima Virgem e no qual depois ele próprio se amortalhou. Ao desejar a abundância
dos dons do Céu para todos os peregrinos e devotos de São Nuno, deixo-lhes este apelo:
«Considerai o êxito da sua carreira e imitai a sua fé».
Bento XVI desejou a
todos um bom domingo e concedeu a sua benção. (CM)