Brasília, 29 abr (RV) - No período do expediente que antecede a sessão plenária
deliberativa de hoje, o Senado Federal fará uma homenagem a Dom Hélder Câmara, no
ano do centenário de seu nascimento.
Nascido em Fortaleza, Ceará, no dia 7
de fevereiro de 1909, Hélder Pessoa Câmara, mais tarde Dom Hélder Câmara, era o 11º
filho de uma família de treze irmãos. Aos 14 anos entrou para o Seminário da Prainha,
de São José, Fortaleza, onde cursou Filosofia e Teologia.
Em 1931, ordenou-se
sacerdote. Foi nomeado diretor do Departamento de Educação do Estado do Ceará, cargo
que exerceu por cinco anos. Mudou-se, então, para o Rio de Janeiro, onde se destacou
no desempenho de atividades sociais. Fundou a Cruzada São Sebastião e o Banco da Providência,
entidades destinadas ao amparo dos mais pobres.
Em 1946, recebeu um convite
para assessorar o arcebispo do Rio de Janeiro. Em 1952, foi nomeado bispo auxiliar
do Rio. Dom Hélder Câmara fundou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
da qual foi secretário-geral durante 12 anos, atuando em defesa do ajuste dos ideais
da Igreja Católica a padrões mais modernos, principalmente no que se referia à defesa
da Justiça e da cidadania.
Foi também arcebispo de Olinda e Recife, de março
de 1964 a abril de 1985. Por divulgar um manifesto de apoio à Ação Católica Operária,
em Recife, foi acusado pelo governo militar de demagogo e comunista, e proibido de
se manifestar publicamente. Fundou a Comissão "Justiça e Paz", de Pernambuco, e consolidou
as Comunidades Eclesiais de Base, (CEBs) entre outras entidades.
Teve também
participação ativa no Concílio Ecumênico Vaticano II que, entre outras mudanças importantes,
reformou a liturgia, a constituição e a pastoral da Igreja Católica, além de ser uma
das fontes de influência para a formulação da Teologia da Libertação.
Fez inúmeras
conferências e pregações no exterior, desenvolvendo intensa atividade contra a exploração
dos mais fracos e em favor dos pobres. Em 1970, denunciou, em Paris, pela primeira
vez, a prática de tortura contra presos políticos no Brasil.
Em 1972, foi indicado
para o Prêmio Nobel da Paz. Dom Hélder aposentou-se em 1985, deixando organizadas
mais de 500 Comunidades Eclesiais de Base.
Homem de longa visão, inaugurou,
nos anos 90, com o auxílio de organizações filantrópicas, na Fundação Joaquim Nabuco,
a campanha intitulada "Ano 2000 Sem Miséria".
Autor de 12 livros traduzidos
para diversos idiomas, Dom Hélder morreu no dia 28 de agosto de 1999, em Recife, aos
90 anos de idade. (CM)