PAPA: SAGRADAS ESCRITURAS PODEM SER COMPREENDIDAS SOMENTE NO CONTEXTO ECLESIAL
Cidade do Vaticano, 23 abr (RV) - Ao receber um grupo de membros da Pontifícia
Comissão Bíblica, o papa proferiu um discurso manifestando seu apreço pelos resultados
da Assembléia Plenária da Comissão, que acaba de se reunir sob a presidência do Cardeal
William Levada, que dirige o organismo.
A Comissão se reuniu nos últimos dias,
no Vaticano, para refletir sobre a inspiração e a verdade da Bíblia – tema que envolve
não apenas os cristãos, mas a própria Igreja, já que sua vida e missão se fundam necessariamente
na Palavra de Deus, alma da teologia. Assim – considerou o papa –, a interpretação
das Sagradas Escrituras é de importância capital para a fé cristã e para a vida da
Igreja.
Encíclicas e papas, na história da Igreja, encorajaram e imprimiram
novas diretrizes para que inspiração, verdade e hermenêutica se conjugassem com a
ciência, em sintonia com a doutrina da Igreja.
O Concílio Vaticano II confirmou
o impulso dos Papa Leão XIII e Papa Pio XII, e hoje, toda a Igreja goza daqueles benefícios:
"Em primeiro lugar, o Concílio recorda que Deus é o autor das Escrituras, e que o
que nelas está contido e apresentado, foi divinamente revelado graças à inspiração
do Espírito Santo. A Constituição Dei Verbum nos recorda que nas Escrituras,
Deus fala ao homem de modo humano".
A este respeito, o Concílio indica três
critérios sempre válidos para a interpretação das Escrituras: prestar atenção no conteúdo
e na unidade; ler as Escrituras no contexto da tradição viva de toda a Igreja; e,
enfim, considerar a analogia da fé, ou seja, da coesão das verdades de fé entre si
e com o plano da Revelação.
Sobre o papel do exegeta católico, o papa adverte
que não se trata simplesmente de um mero exercício intelectual. "Para respeitar a
coerência da fé da Igreja, o exegeta católico deve estar atento ao acolher a Palavra
de Deus nas Sagradas Escrituras."
Além disso, sua interpretação não deve ser
somente um esforço científico individual, mas deve ser sempre confrontada, inserida
e autenticada pela tradição viva da Igreja.
Somente o contexto eclesial permite
compreender as Sagradas Escrituras como autêntica Palavra de Deus, que se faz guia,
norma e regra para a vida da Igreja e o crescimento espiritual dos fiéis.
"Isso
– concluiu o pontífice – comporta a rejeição de qualquer interpretação subjetiva ou
simplesmente limitada a uma única análise, incapaz de acolher em si o sentido global
que no decorrer dos séculos guiou a tradição de todo o povo de Deus." (CM/BF)