2009-04-23 10:34:25

ARGENTINA QUER CLAREZA SOBRE MORTE SUSPEITA DE BISPO DURANTE A DITADURA


La Rioja, 23 abr (RV) - Os restos mortais do bispo Enrique A. Angelelli Carletti, o "Mártir dos pobres", morto em 1976, foram exumados ontem, a pedido da Justiça argentina e submetidos a autópsia, a fim de estabelecer se ele foi assassinado pela ditadura (1976/83) ou se sua morte foi causada por um acidente de trânsito, como alegaram as autoridades militares da época.

O procedimento teve lugar na cripta da Catedral de La Rioja, capital da província homônima, no noroeste do país, por ordem do juiz federal Daniel Herrera Piedrabuena. O exame autóptico deve determinar o tipo de lesões sofridas e as verdadeiras causas da morte do prelado. Os resultados estarão disponíveis dentro de duas semanas.

Dom Angelelli, expoente e símbolo da luta social na década de 70, comprometido com a opção pelos pobres, morreu aos 53 anos, num acidente automobilístico ocorrido em agosto de 1976, depois de perder o controle do veículo que conduzia, em La Rioja, segundo a versão das autoridades militares.

Em 1983, com o retorno da democracia, o processo foi reaberto e, em 1986, ficou estabelecido que o bispo fora assassinado fria e premeditadamente. Foi instaurado um inquérito para identificar os autores do crime. Ficou provado que o carro em que viajava Dom Angelelli colidiu contra outro, fazendo-o capotar. Após o acidente, o bispo foi retirado do carro e foi agredido com um golpe na nuca; seu corpo foi arrastado até o meio da estrada e disposto em forma de cruz.

Naquele dia, o bispo havia participado de uma homenagem aos sacerdotes Gabriel Longueville, de origem francesa, e Carlos Murias, sequestrados, torturados e assassinados duas semanas antes, numa cidade vizinha. Consigo, Dom Angelelli levava um informe com o inquérito sobre o crime.

Na segunda-feira passada, o ex-capitão do exército Alfredo Marcó, que atuou na repressão, no período da ditadura e foi acusado de violações dos direitos humanos em La Rioja, se suicidou. Segundo testemunhas, Marcó conhecia os presumíveis autores da morte de Dom Angelelli.

Além do bispo de La Rioja, 19 sacerdotes desapareceram ou foram assassinados, 11 foram sequestrados, torturados e a seguir libertados, e 22 foram detidos por causa de perseguição política na Argentina.

Entre as vítimas da ditadura, (18 mil segundo cifras oficiais, 30 mil de acordo com organismos humanitários), constam também 11 seminaristas e 4 religiosos, inclusive as francesas Ir. Leonie Duquet e Ir. Alice Domon. (CM)







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