2009-04-22 10:18:15

GUATEMALA RECORDA SEU 'MÁRTIR DA PAZ'


Cidade da Guatemala, 22 abr (RV) - Com uma mostra fotográfica, apresentações de livros e eventos religiosos começaram ontem, na Guatemala, as celebrações em memória dos onze anos do assassinato de Dom Juan Gerardi Conedera, ocorrido em 26 de abril de 1998.

O Departamento de Direitos Humanos do Arcebispado de Cidade da Guatemala (ODAGH) e o Movimento Juan Gerardi, que coordenam o programa das celebrações, inauguraram uma exposição de fotos sobre a vida do bispo e três murais decorados na casa paroquial de San Sebastián, local onde Dom Gerardi foi morto.

Dom Juan Gerardi Conedera era bispo auxiliar de Cidade da Guatemala, quando foi assassinado, na garagem da casa paroquial, quando retornava de um jantar em casa de familiares. Sua morte ocorreu 54 horas depois de ele ter relevado os resultados de uma investigação interdiocesana, intitulada Projeto "REMHI" (Recuperação da Memória Histórica), a qual deu origem ao relatório conhecido como "Guatemala: nunca mais", onde estão exaustivamente documentadas cerca de 55 mil violações dos direitos humanos perpetradas no período da guerra civil no país.

Contrariamente ao que se fizera crer até então, a autoria da esmagadora maioria de tais violações era atribuída ao Exército, e não à guerrilha.

"A morte violenta de Dom Juan Gerardi Conedera foi uma prova da dura realidade: a perpetuação da intolerância e da prepotência, e o império da violência sobre o poder da verdade e da razão" − disse o diretor do ODAGH, Nery Rodenas, numa coletiva de imprensa.

A mostra fotográfica apresenta retratos da infância de Dom Gerardi, de sua ordenação sacerdotal e de muitas atividades das quais participou, como reuniões com bispos centro-americanos e um encontro com João Paulo II, por ocasião de uma das três visitas que o falecido pontífice fez à Guatemala.

Os organizadores anunciaram também, a abertura − até domingo − da cripta onde está sepultado o chamado "Mártir da paz" guatemalteco. Dom Juan Gerardi destacou-se na defesa dos direitos humanos dos menos favorecidos na Guatemala, denunciou a repressão militar, a exclusão e a marginalização dos povos indígenas.

Os 36 anos de conflito civil levaram à morte de mais de cem mil pessoas e deixaram um milhão de refugiados no país. (CM)







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