Cidade da Guatemala, 22 abr (RV) - Com uma mostra fotográfica, apresentações
de livros e eventos religiosos começaram ontem, na Guatemala, as celebrações em memória
dos onze anos do assassinato de Dom Juan Gerardi Conedera, ocorrido em 26 de abril
de 1998.
O Departamento de Direitos Humanos do Arcebispado de Cidade da Guatemala
(ODAGH) e o Movimento Juan Gerardi, que coordenam o programa das celebrações, inauguraram
uma exposição de fotos sobre a vida do bispo e três murais decorados na casa paroquial
de San Sebastián, local onde Dom Gerardi foi morto.
Dom Juan Gerardi Conedera
era bispo auxiliar de Cidade da Guatemala, quando foi assassinado, na garagem da casa
paroquial, quando retornava de um jantar em casa de familiares. Sua morte ocorreu
54 horas depois de ele ter relevado os resultados de uma investigação interdiocesana,
intitulada Projeto "REMHI" (Recuperação da Memória Histórica), a qual deu origem ao
relatório conhecido como "Guatemala: nunca mais", onde estão exaustivamente documentadas
cerca de 55 mil violações dos direitos humanos perpetradas no período da guerra civil
no país.
Contrariamente ao que se fizera crer até então, a autoria da esmagadora
maioria de tais violações era atribuída ao Exército, e não à guerrilha.
"A
morte violenta de Dom Juan Gerardi Conedera foi uma prova da dura realidade: a perpetuação
da intolerância e da prepotência, e o império da violência sobre o poder da verdade
e da razão" − disse o diretor do ODAGH, Nery Rodenas, numa coletiva de imprensa.
A
mostra fotográfica apresenta retratos da infância de Dom Gerardi, de sua ordenação
sacerdotal e de muitas atividades das quais participou, como reuniões com bispos centro-americanos
e um encontro com João Paulo II, por ocasião de uma das três visitas que o falecido
pontífice fez à Guatemala.
Os organizadores anunciaram também, a abertura
− até domingo − da cripta onde está sepultado o chamado "Mártir da paz" guatemalteco.
Dom Juan Gerardi destacou-se na defesa dos direitos humanos dos menos favorecidos
na Guatemala, denunciou a repressão militar, a exclusão e a marginalização dos povos
indígenas.
Os 36 anos de conflito civil levaram à morte de mais de cem mil
pessoas e deixaram um milhão de refugiados no país. (CM)