"GALILEU E O VATICANO" DERRUBA LENDA NEGRA SOBRE O CIENTISTA E A IGREJA
Cidade do Vaticano, 20 abr (RV) – "Galileu e o Vaticano" é o novo livro que
reúne os trabalhos da comissão criada por João Paulo II sobre o famoso cientista italiano.
Segundo o presidente do grupo, Cardeal Paul Poupard, a obra busca derrubar a lenda
negra e os mitos criados sobre o caso.
O Papa Wojtyla fez um desagravo público
a Galileu em outubro de 1992: de fato, em 31 de outubro de 1992, João Paulo II reconheceu,
com uma declaração, os erros cometidos pelo tribunal eclesiástico que julgou os postulados
científicos de Galileu Galilei.
"O papa tinha a preocupação de esclarecer a
imagem da Igreja diante da opinião pública como "inimiga da ciência". Isso é um mito,
mas os mitos atravessam a história e não são facilmente derrubados" − afirmou o Cardeal
Poupard.
O purpurado acrescentou que "tudo isso foi instrumentalizado, sobretudo,
a partir do Iluminismo, e usado como arma de guerra contra a Igreja". E, ainda hoje,
se pensam "coisas sem nenhum fundamento", como a difundida lenda de que Galileu teria
sido queimado, quando, na realidade, ele nem sequer esteve na prisão.
O Cardeal
Poupard recordou que João Paulo II perguntou se, depois de reconhecer o erro cometido
pelos juízes, o caso Galileu estaria encerrado. E o próprio purpurado respondeu: "Enquanto
houver pessoas livres, elas pensarão como quiserem." Segundo o Cardeal Poupard, era
importante desfazer aquele mito e reconhecer, no caso, os erros cometidos. E assim
foi feito.
O livro, publicado em italiano e espanhol, tem mais de 300 páginas
e uma introdução do presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Dom Gianfranco
Ravasi. O arcebispo considera que o trabalho da comissão sobre Galileu é importante
para "deixar para trás os escombros de um passado infeliz, gerador de uma trágica
e recíproca incompreensão". (TM)