NA VIGÍLIA PASCAL, PAPA EXPLICA O QUE É A RESSURREIÇÃO
Cidade do Vaticano, 12 abr (RV) - Ontem à noite, Sábado Santo, Bento XVI presidiu
à Vigília Pascal na Basílica de S. Pedro, diante de cinco mil pessoas.
Em
especial, o papa explicou do que se trata a ressurreição. Por não entrar no âmbito
das nossas experiências, esta mensagem acaba incompreendida, como se fosse algo do
passado. A Igreja, por sua vez, procura levar-nos à sua compreensão, traduzindo este
acontecimento misterioso na linguagem dos símbolos. Na Vigília Pascal, disse o pontífice,
o significado deste dia nos é indicado através de três símbolos: a luz, a água e o
cântico do aleluia.
Temos, em primeiro lugar, a luz. Onde há luz, nasce a vida.
Na mensagem bíblica, a luz é a imagem mais imediata de Deus: Ele é todo Resplendor,
Vida, Verdade, Luz. A ressurreição de Jesus é uma irrupção de luz. Ele é a Luz pura:
é o próprio Deus, que faz nascer uma nova criação no meio da antiga, transforma o
caos em cosmos.
Na Vigília Pascal, a Igreja representa o mistério da luz de
Cristo no sinal do círio pascal, cuja chama é simultaneamente luz e calor. O simbolismo
da luz está ligado com o do fogo: resplendor e calor, resplendor e energia de transformação
contida no fogo. Verdade e amor andam juntos.
"Peçamos ao Senhor que a pequena
chama da vela, que Ele acendeu em nós, a luz delicada da sua palavra e do seu amor,
no meio das confusões deste tempo, não se apague em nós, mas se torne cada vez mais
forte e mais resplendorosa. Para que sejamos com Ele pessoas do dia, astros para o
nosso tempo."
O segundo símbolo da Vigília Pascal – a noite do Batismo – é
a água. Na Sagrada Escritura, ela aparece com dois significados opostos. De um lado,
há o mar que se apresenta como o poder antagonista da vida sobre a terra, como a sua
contínua ameaça, à qual, porém, Deus colocou um limite. É o elemento da morte. O outro
significado é a água como nascente fresca, que dá a vida, ou também como o grande
rio de onde provém a vida. Sem água, não há vida.
Cristo é nascente de água
viva. D’Ele brota o grande rio que, no Batismo, faz frutificar e renova o mundo; o
grande rio de água viva é o seu Evangelho que torna fecunda a terra. No Batismo, o
Senhor faz de nós não só pessoas de luz, mas também nascentes, das quais brota água
viva.
O terceiro grande símbolo da Vigília Pascal é de natureza muito particular;
envolve o próprio homem. É a entoação do cântico novo: o aleluia. Quando uma pessoa
experimenta uma grande alegria, não pode guardá-la para si. Deve manifestá-la, transmiti-la.
O falar já não basta. Ela tem de cantar.
Desde que Jesus ressuscitou, a gravitação
do amor é mais forte que a do ódio; a força de gravidade da vida é mais forte que
a da morte. "Porventura, concluiu o papa, não é esta a situação da Igreja de todos
os tempos? Sempre dá a impressão de que ela deva afundar e, todavia, já está salva.
A mão salvadora do Senhor nos sustenta e assim podemos cantar desde já o cântico dos
redimidos, o cântico novo dos ressuscitados: Aleluia!"
Durante a celebração,
cinco catecúmenos receberam o sacramento da iniciação cristã: três italianos, uma
chinesa e uma norte-americana. (BF)